Thursday, January 11, 2007

The Swedenization of Europe/ A Suecificação da Europa

Per Ahlmark
The Weekend Australian and Die Welt


Anti-Semitism, anti-Zionism, and anti-Americanism are becoming linked and ever more rabid in today's Europe. They arise from a kind of blindness, combined with a strange mixture of alienation, guilt, and fear toward both Israel and America.

Millions of Europeans resist seeing Israel as a country fighting for its survival. Israel cannot afford to lose one major war, as it would mean the end of the Jewish democratic state. But huge numbers of Europeans believe that something is fundamentally wrong with the Israelis: they never compromise; they prefer using military means to solve political problems.

Something similar is at work in the European attitude to the US. Look at Europe, many Europeans say, we have eradicated wars, dangerous nationalism, and dictatorships. We created a peaceful European Union. We do not wage war; we negotiate. We do not exhaust our resources on weapons. The rest of the planet should learn from us how to live together without terrorizing each other.

As a Swede, I have heard such pacific boasting all my life: that neutral Sweden is a moral superpower. Now this bragging has become the EU's ideology. We are the moral continent. Call this the "Swedenization" of Europe.

Yes, today's EU is a miracle for a continent where two modern totalitarian movements - Communism and Nazism - unleashed rivers of blood. But what Europe forgets is how those ideologies were overcome. Without the US Army, Western Europe would not have been liberated in 1945. Without the Marshall Plan and NATO, it would not have taken off economically. Without the policy of containment under America's security umbrella, the Red Army would have strangled the dream of freedom in Eastern Europe, or brought European unity, but under a flag with red stars.

West Europeans also forget that some areas of the world have never known freedom. In many places, torture chambers are the rules of the game, not the grotesque and shameful mistakes of ill-supervised troops. Any attempt in such places to go behave the European way and negotiate - without the military power needed to back up diplomacy - would be pathetic.

Instead of supporting those who fight international terrorism, many Europeans try to blame the spread of terrorism on Israel and the US. This is a new European illusion. Spain's latter day appeasement la Munich arises from this thinking.

But what if Spain - and Europe as a whole - had reacted in the opposite way to the Madrid train bombing of April, saying: "We promise that because of that slaughter we will double our support for stabilization in Iraq by sending twice as many troops, experts, engineers, teachers, policemen, doctors, and billions of euros in support of allied forces and their Iraqi co-workers." The triumph of terrorists would have been transformed into a triumph of the war on terror.

The images many Europeans hold of America and Israel create the political climate for some very ugly bias. You have the Great Satan and the Small Satan. America wants to dominate the world - exactly the allegations made in traditional anti-Semitic rhetoric about the Jews. Indeed, modern anti-Zionist rhetoric portrays Israel's goal as domination of the whole Middle East. Such ideas are reflected in opinions polls in which Europeans claim that Israel and the US are the true dangers to world peace.

Ian Buruma, the British writer, claims that this European rage against America and Israel has to do with guilt and fear. The two world wars led to such catastrophic carnage that "never again" was interpreted as "welfare at home, non-intervention abroad." The problem with this concept is that it could only survive under the protection of American might.

Extreme anti-Americanism and anti-Zionism are actually merging. The so-called peace poster "Hitler Had Two Sons: Bush and Sharon," displayed in European anti-war rallies, combines trivialization of Nazism with demonization of both the victims of Nazism and those who defeated Nazism.

Much of this grows from a subconscious European guilt related to the Holocaust. Now the Holocaust's victims - and their children and grandchildren - are supposedly doing to others what was done to them. By equating the murderer and the victim, we wash our hands.

This pattern of anti-Zionism and anti-Americanism returns again and again. "The ugly Israeli" and "the ugly American" seem to be of the same family. "The ugly Jew" becomes the instrumental part of this defamation when so-called neoconservatives are blamed both for American militarism and Israeli brutalities and then selectively named: Wolfowitz, Perle, Abrams, Kristol, etc. This is a new version of the old myth that Jews rule the US.

Earlier this year, the editor of Die Zeit, Josef Joffe, put his finger on the issue: like Jews, Americans are said to be selfish and arrogant. Like Jews, they are in thrall to a fundamentalist religion that renders them self-righteous and dangerous. Like Jews, Americans are money-grabbing capitalists, for whom the highest value is the cash nexus. "America and Israel are the outsiders - just as Jews have been all the way into the 21st century," Joffe says.

The links between anti-Semitism, anti-Zionism, and anti-Americanism are all too real. Unless Europe's leaders roundly condemn this unholy triple alliance, it will poison Middle East politics and transatlantic relations alike.

*Hon. Per Ahlmark, the former Deputy Prime Minister of Sweden

Leftists Anti-Semitism in Sweden
___________________________________________________________________


Anti-semitismo, anti-sionismo e antiamericanismo estão ficando interligados, e cada vez mais raivosos na Europa contemporânea. Eles emanam de uma espécie de cegueira, combinados a uma estranha mistura de alienação, culpa e temor em relação a tanto Israel como aos EUA.

Milhões de europeus resistem a ver Israel como um país combatendo por sua sobrevivência. Israel não pode se dar ao luxo de perder uma guerra importante, pois isso significaria o fim do Estado democrático judeu. Entretanto, um número enorme de europeus acredita haver algo de fundamentalmente errado com os israelenses: eles nunca aceitam soluções de compromisso; preferem recorrer a meios militares para solucionar problemas políticos.

Algo similar está acontecendo na atitude dos europeus em relação aos EUA. Vejam o exemplo da Europa, dizem muitos europeus, nós erradicamos guerras, nacionalismo perigoso e ditaduras. Criamos uma pacífica União Européia (UE). Não travamos guerras; negociamos. Não exaurimos nossos recursos em armamentos. O restante do planeta deveria aprender com os europeus a viver em comunidade sem aterrorisarmo-nos uns aos outros.

Como sueco, ouvi esta jactância pacífica durante toda minha vida - que a neutra Suécia é uma superpotência moral. Agora, esse tipo de afirmação orgulhosa tornou-se a ideologia da UE. Somos o continente moral. Isso merece o nome de "suecificação" da Europa.

Sim, a UE atual é um milagre de continente onde dois movimentos totalitários modernos - comunismo e nazismo - inundaram a Europa com rios de sangue. Mas o que a Europa esquece é como essas ideologias foram vencidas. Sem o Exército dos EUA, a Europa Ocidental não teria sido libertada em 1945. Sem o Plano Marshall e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o Continente não teria decolado economicamente. Sem aquela política de contenção debaixo do guarda-chuva de segurança dos EUA, o Exército Vermelho teria estrangulado o sonho de liberdade na Europa Oriental, ou estabelecido a unidade européia, porém sob uma bandeira com estrelas vermelhas.

Os europeus ocidentais também esquecem-se de que algumas áreas do mundo nunca conheceram a liberdade. Em muitos países, câmaras de tortura fazem parte da regra do jogo, e não os grotescos e vergonhosos erros de soldados mal supervisionados. Qualquer tentativa, em tais países, de partir para um comportamento à maneira européia, e negociar - sem o poder militar necessário para respaldar a diplomacia - seria patético.

Em vez de apoiar aqueles que combatem o terrorismo internacional, muitos europeus tentam atribuir a culpa do alastramento do terrorismo a Israel e aos EUA. Essa é a nova ilusão européia. A recente iniciativa de apaziguamento à Munique assumida pela Espanha deriva desse pensamento.

Mas, e se a Espanha - e a Europa como um todo -, tivessem reagido da maneira oposta às bombas detonadas nos trens espanhóis em abril, dizendo: "prometemos que, como resultado do morticínio, redobraremos nosso apoio à estabilização no Iraque enviando o dobro de soldados, especialistas, engenheiros, professores, policiais, médicos e bilhões de euros em apoio a forças aliadas e seus colaboradores iraquianos". O triunfo dos terroristas teria sido transformado em um triunfo da guerra contra o terror.

As imagens que muitos europeus têm dos EUA e de Israel criam o clima político para algumas tendenciosidades bastante nocivas. Há o Grande Satã e o Pequeno Satã. Os EUA querem dominar o mundo - exatamente as acusações que fazem parte da tradicional retórica anti-semita contra os judeus. Com efeito, a moderna retórica anti-sionista caracteriza o objetivo de Israel como sendo o de dominar todo o Oriente Médio. Essas idéias refletem-se em pesquisas de opinião nas quais os europeus sustentam que Israel e os EUA são os verdadeiros perigos para a paz mundial.

O escritor britânico Ian Buruma afirma que essa ira européia contra os EUA e Israel tem a ver com culpa e medo. As duas guerras mundiais resultaram em tamanha catastrófica carnificina que "nunca mais" foi interpretado como "bem-estar em casa, não-intervenção no exterior". O problema com esse conceito é que ele somente pôde sobreviver sob a proteção do poderio americano.

O antiamericanismo e o anti-sionismo extremados estão, na realidade, fundindo-se. O chamado pôster da paz "Hitler teve dois filhos: Bush e Sharon", exibido em manifestações antiguerra na Europa, combina uma trivialização do nazismo com uma demonização tanto das vítimas do nazismo como daqueles que o derrotaram.

Grande parte dessa atitude deriva de uma culpa no subconsciente europeu relacionada com o Holocausto. Agora as vítimas do Holocausto - e seus filhos e netos - estão, supostamente, fazendo a outros o que a eles foi feito. Igualando assassinos e a vítima, lavamos nossas mãos.

Esse padrão de anti-sionismo e antiamericanismo retorna periodicamente. O "israelense repulsivo" e o "americano repugnante" parecem pertencer à mesma família. O "judeu repulsivo" converte-se em parte instrumental dessa difamação quando os chamados neoconservadores são responsabilizados tanto pelo militarismo americano como pelas brutalidades israelenses, e então seletivamente nomeados: Wolfowitz, Perle, Abrams, Kristol etc. Essa é uma nova versão do velho mito de que os judeus governam os EUA.

Ainda neste ano, o editor do Die Zeit, Josef Joffe, pôs seu dedo na questão: assim como os judeus, diz-se que os americanos são egoístas e arrogantes. Assim como os judeus, eles estão tomados por uma religião fundamentalista que os torna donos da verdade e perigosos. Assim como os judeus, os americanos são capitalistas preocupados apenas com dinheiro, para quem o valor mais elevado é o dinheiro. "Os EUA e Israel são os marginais - assim como os judeus foram os excluídos durante toda a história até o século XXI", diz Joffe.

Os vínculos entre anti-semitismo, anti-sionismo e anti-americanismo são extremamente reais. A menos que os líderes europeus condenem totalmente essa tríplice aliança perversa, ele envenenará tanto a política do Oriente Médio como as relações transatlânticas.

O autor é ex-vice primeiro ministro da Suécia

No comments: