Tuesday, January 30, 2007

Terrorist's family: very happy for "the hero"

It’s a death cult family moment, as the Eilat suicide bomber’s brother exults in mass murder: Bomber’s brother: We’re happy Muhammad is the hero.
You see, Allah wanted this noble shahid to commit a sneak attack and kill unsuspecting people in a bakery.
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Família do terrorista: muito felizes pelo "herói"

Num momento familiar de culto a morte, o irmão do terrorista suicida exulta o assassinato em massa:
http://www.ynetnews.com/Ext/Comp/ArticleLayout/CdaArticlePrintPreview/1,2506,L-3358519,00.html

Veja só, Alá quis que esse nobre shahid cometesse esse ataque covarde e que matasse inocentes numa padaria.

Monday, January 29, 2007

Hamas: 'Attack is legitimate resistance'


By Robert Spencer (Jihad Watch)

This story refers to a jihad martyrdom attack in an Israeli bakery (thanks to KA for the link). And of course this response is predictable. Everything hamas does is legitimate. Every step Israel takes in response is illegitimate. Once you grasp that simple rule, you're ready for prime time, or a job at Reuters.
From the Jerusalem Post, with thanks to the Constantinopolitan Irredentist:
A Hamas spokesman defended Monday's suicide bombing in Eilat as legitimate "resistance" against Israel.
Fawzi Barhoum called the attack a "natural response" to IDF policies in the West Bank and Gaza Strip, as well as its ongoing boycott of the Hamas-led Palestinian Authority government. "So long as there is occupation, resistance is legitimate," he said.
He also said attacks on Israel were preferable to the recent bout of Palestinian infighting in Gaza. "The right thing is for Fatah weapons to be directed toward the occupation not toward Hamas," he said.
Fatah weapons paid for by the U.S. and Israel.
The Fatah-affiliated Al Aksa Martyrs Brigades, the Islamic Jihad, and a new group calling itself "Army of Believers" claimed responsibility for Monday's attack in Eilat that killed three people.
Meanwhile, the Islamic Jihad posted a statement on its Web site Monday saying that it had engineered the bombing in an attempt to "focus Palestinians' attention away from killing each other," Sky News reported.

Os Refugiados

Shaar Aliyah, 1950. Campo de refugiados judeus Rosh Hay’n, Haifa.

Na primeira parte desta série de artigos publicados no Ma’ariv, Ben Dror Yemini analisou a ausência de reacção mundial face aos massacres de árabes e muçulmanos, geralmente perpetrados por árabes e muçulmanos. O silêncio do mundo tem um significado especial devido à intensa exposição mediática e académica do conflito entre Israel e os palestinianos, com milhares de publicações a acusarem Israel de cometer um “genocídio” que não existe. Na verdade, tal como foi amplamente demonstrado, o conflito israelo-palestiniano provocou um número de vítimas mínimo quando comparado com conflitos similares no resto do mundo.Neste capítulo, Ben Dror Yemini analisa o problema dos refugiados de uma forma global, com destaque especial para a relação de dualidade da ONU e da comunidade internacional para com o problema dos refugiados em geral, e dos refugiados palestinianos em particular. O original em hebraico pode ser lido aqui: והעולם משקר

um artigo de Ben Dror Yemini


Começo com uma história que, à partida, parece bastante familiar. Num certo Estado, que em tempos pertencera ao Império Otomano, havia uma vasta minoria muçulmana. A maioria não muçulmana e a minoria muçulmana não morrem de amores uma pela outra. A minoria e a maioria têm uma história triste entre si, repleta de actos de hostilidade mútua. Numa certa etapa do conflito entre os dois grupos, a maioria forçou uma parte considerável da minoria muçulmana a abandonar este Estado, e a emigrar para um país onde a minoria faz parte da maioria, em termos religiosos, étnicos e nacionais.

Não, não estou aqui a falar de israelitas e palestinianos. Esta é a história da minoria turca da Bulgária. E não, isto não aconteceu há 200 anos. Tudo isto teve lugar há menos de 20 anos, no final da década de 80. Ao todo, mais de 300 mil muçulmanos foram forçados a abandonar o país. Não foram transferidos à força, de forma violenta, mas foram fortemente pressionados a transferir-se.E se o leitor nunca ouviu falar do seu “direito de retorno”, ou em mil e uma organizações e intensa propaganda para ajudar os refugiados da Bulgária, nem sequer em campos de refugiados, é apenas por uma simples razão: eles não são palestinianos. Porque, tal como os turcos da Bulgária, há milhões e milhões de pessoas, largos milhões por todo o mundo, que foram forçadas a abandonar as suas antigas pátrias em resultado de mudanças políticas ou pelo traçado de novas fronteiras.

O mundo está repleto de refugiados
Transferências populacionais foram em tempos encaradas como a forma mais eficaz para resolver conflitos religiosos e étnicos entre populações (alguns continuam ainda a encara-la como a resposta mas adequada). Há menos de um século, um geógrafo norueguês, Fridtjof Nansen, procurou uma solução para o complexo conflito entre a Turquia e a Grécia. Nansen planeou e executou um plano de transferência de populações sob os auspícios da comunidade internacional. Por causa dele, Fridtjof Nansen venceu o Nobel da Paz em 1922. Voltaremos a falar dele mais tarde.
Não, com isto não estou a defender a transferência dos palestinianos. Vivemos numa época diferente. A ética internacional é também produto do tempo, do enquadramento e das circunstâncias. Nem todas as soluções que se adequaram aos tempos bíblicos servem também para os dias de hoje. O apoio a uma solução que passe pela transferência está hoje fora da lista de recomendações para o Nobel da Paz.
Mas a verdade é que o mundo está cheio de comunidades inteiras que foram forçadas a abandonar um país ou uma região e a ir viver noutro local. Se fosse a eles aplicada a mesma definição que foi criada unicamente para os palestinianos – definindo-os como refugiados, no que diz repeito à abordagem internacional e ao largo número de organizações que existem para os proteger – seriamos muito provavelmente testemunhas de uma guerra mundial generalizada. Milhões de hindus teriam de regressar ao Paquistão. Dezenas de milhões de muçulmanos retornariam à Índia. Os estados dos Balcãs seriam obrigados a submeter-se a alterações populacionais tremendas que resultariam no reagrupamento de várias populações e no reacender de inúmeros conflitos regionais.
É verdade que ninguém contempla esta ideia. É verdade que ninguém pensa que os muçulmanos devem regressar à Grécia ou à Bulgária, que os cristãos precisam de voltar à Turquia, que os alemães devem voltar à República Checa, e assim sucessivamente. Isto porque, se o “direito de retorno” for executado inúmeros países entrariam em colapso, desintegrando-se, dando início a uma era de permanentes banhos de sangue.

“Direito de retorno” como “trunfo para a destruição de Israel”
Felizmente, o mundo actual tem sanidade mental. Não exige a imposição a si próprio deste massacre global que desmantelaria países e causaria o seu colapso. O mundo actual tem sanidade mental… até se começar a falar dos palestinianos. A este ponto ensandece. Preto torna-se branco e branco transforma-se em preto. Tudo o que se aplica a todos os outros conflitos do mundo, inverte-se quando está em causa a pequena nesga de terra dos judeus.
Subitamente, tudo o que foi verdade para a Bulgária, para a Turquia, para a Grécia, para a República Checa, para a Índia, para o Paquistão e para dezenas de outros países, não é verdade no que respeita a Israel, que é obrigado a corresponder a outros critérios. Critérios opostos. E aqui também, um coro inteiro de organizações internacionais tem como missão uma causa única: propagar à escala mundial propaganda que perpetua e intensifica o problema dos refugiados palestinianos.
A direcção tomada por muitas outras organizações é ainda mais clara: forçar a Israel, e só a Israel, uma solução conhecida pelo nome de código “direito de retorno”, que claramente produziria uma tremenda erupção vulcânica. Muitos há que apoiam esta solução por ignorância ou ingenuidade. Mas muitos outros apoiam-na porque o seu objectivo não é nem um acordo nem uma solução. O seu objectivo é a erupção da violência. Ou como Saker Habash, um dos conselheiros de Yasser Arafat, disse: “o direito de retorno é um trunfo que significa a destruição de Israel.”

Não irei dissecar aqui todas as grandes migrações da História. Não se exige que os árabes que invadiram a Ásia, a África e a Europa retornem à sua terra natal; nem é exigido que os conquistadores brancos da América regressem à Europa – que não só capturaram, ocuparam e pilharam uma terra que não era sua como também cometeram, incidentalmente, pesados crimes contra a humanidade.Proponho-me examinar apenas as trocas populacionais que ocorreram desde o início do século XX. E mesmo assim, não iremos analisar todas, porque o espaço é limitado, mas apenas aquelas que têm algumas semelhanças com as trocas populacionais ocorridas entre Israel e os países árabes vizinhos. Trocas que tenham um pouco de tudo: expulsões, fugas e partidas voluntárias de ambos os lados.

O objectivo da UNRWA:Perpetuar o estatuto dos refugiados palestinianos

Entre 600 a 800 mil árabes abandonaram Israel em direcção aos países árabes vizinhos. Um número equivalente de judeus abandonou países árabes em direcção a Israel. Isto ocorreu como parte de um processo global – dezenas de milhares de trocas populacionais que tiveram como pano de fundo a criação de novos países com características étnicas ou religiosas. Dezenas de milhões de pessoas tomaram parte nestas migrações. Nem uma única, de entre estes largos milhões, permanece como refugiado. Incluindo aqueles que chegaram a Israel. Este título é reservado apenas e somente aos refugiados palestinianos.

Esta duplicidade de padrões e critérios começa – mas não acaba – com o facto de existirem duas organizações da comunidade internacional responsáveis pelos refugiados. A primeira é para todos os refugiados do mundo, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) [ver United Nations High Commissioner for Refugees ], e a segunda, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos no Médio Oriente (UNRWA) [ver United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East ], lida apenas com os palestinianos, de acordo com uma resolução especial da ONU.

Enquanto o objectivo da primeira organização é ajudar os refugiados a começar de novo as suas vidas e a deixarem de ser refugiados, o propósito da UNRWA é exactamente o oposto: o objectivo é perpetuar o seu estatuto de refugiados. Dezenas de milhões de refugiados deixaram de o ser graças a programas de ajuda da ONU. Mas nem um único refugiado palestiniano perdeu este título. Bem pelo contrário, os seus números crescem de ano para ano.

A definição da ONU força o aumento do número de refugiados

Existe também uma diferença marcada no que diz respeito à definição do termo “refugiado”. Quando se trata dos palestinianos, um refugiado é qualquer pessoa que tenha residido no espaço do Mandato Britânico da Palestina entre Junho de 1946 e 1948. A questão é que alguém que tenha chegado à Palestina como imigrante em 1946 é automaticamente definido como um refugiado palestiniano, mesmo que fosse um cidadão egípcio [como Yasser Arafat, por exemplo], sírio, jordano ou libanês. Dois anos de residência temporária na Palestina fazem com que qualquer um seja incluindo na lista de pessoas de que a UNRWA toma conta perpetuamente.

Isto não se aplica a um refugiado normal, que precisa provar detalhadamente a sua condição para receber assistência da UNHCR. Mas não é tudo. A definição geral da ONU, que serve para toda a gente, estipula que quem se integra num outro país, tornando-se um cidadão activo, deixa de ser refugiado. Na Jordânia há centenas de milhares de palestinianos que receberam cidadania jordana. Alguns são mesmo ministros no actual governo. Mas, de acordo com a segunda estranha definição da ONU, eles são ainda refugiados.

Mas há ainda uma outra diferença substantiva e importante. No que diz respeito aos refugiados normais, é apenas o indivíduo que é considerado refugiado. Não os membros da família e certamente que não as gerações futuras. Em relação aos refugiados palestinianos a situação é mais uma vez invertida. O estatuto de refugiado torna-se genético. Substância para as gerações vindouras. Mesmo que os seus filhos, ou os filhos dos seus filhos, nunca tenham visto a Palestina, e mesmo que sejam tão ricos quanto Bill Gates, serão sempre refugiados palestinianos.

E assim, com a sanção das Nações Unidas, o “problema dos refugiados” é perpetuado. É assim que os seus números continuam a crescer com o passar dos anos. E assim se gerou um monstro com um propósito único: criar um problema que evite a resolução do conflito.



Conflitos regionais: 10 milhões expulsos nos Balcãs
Segundo todos os critérios internacionais, o “problema dos refugiados palestinianos” teria terminado tão depressa quanto começou: o número de palestinianos que deixaram Israel é semelhante, senão mesmo idêntico, ao número de judeus deslocados de países árabes [ver Jewish exodus from Arab lands ]. Israel não foi o único local do mundo onde permutas populacionais foram levadas a cabo na sequência de conflitos religiosos ou nacionais. Em todos os outros locais do mundo onde tal ocorreu a história ficou-se por ai. Mas não aqui. Aqui a duplicidade de padrões volta a fazer uma aparição inevitável. De maneira a compreender o quanto de manipulação histórica e política está aqui em jogo, tentarei rever outras ocasiões em que se registaram fluxos populacionais semelhantes.
Nos últimos 100 anos, os Balcãs foram palco de enormes expulsões, transferências e fugas em massa em consequência de guerras, desde a primeira Guerra dos Balcãs, de 1912, até à mais recente Guerra do Kosovo, em 1999. O número de pessoas que tomou parte nestas imensas vagas migratórias situa-se entre os 7 e os 10 milhões. Não citarei todas as migrações, mas apenas alguns exemplos chave.
A primeira vaga no período em questão começa em 1915, após a primeira Guerra dos Balcãs. Nesta vaga, 200 mil otomanos foram para a Turquia; 150 mil gregos retornaram à Grécia e 250 mil búlgaros voltaram à Bulgária.
A Primeira Guerra Mundial provocou uma onda migratória ainda mais considerável. O número de sérvios forçados a abandonar as suas casas é estimado em mais de 750 mil. Outros 250 mil foram internados em campos de trabalhos forçados na Bulgária e na Hungria. Muitos outros morreram na sequência de longas marchas forçadas em direcção ao Adriático.

A transferência populacional nos Balcãs e o Nobel da Paz
Depois da guerra, 300 mil búlgaros, residentes em territórios que a Bulgária controlava antes da guerra, foram forçados a ir para a Bulgária.
O mesmo aconteceu a 200 mil húngaros obrigados a deixar a Transilvânia. Um número equivalente de húngaros foi forçado a abandonar territórios que pertenciam agora à Jugoslávia e à Checoslováquia.Os anos 20 produziram outra onda que é mais substantiva para a nossa análise. A grande vaga migratória foi efectuada depois de um acordo alcançado entre a Turquia, a Grécia e a Bulgária, firmado em Lausana. Esta migração envolveu a transferência aproximada de 1,5 milhões de cristãos da Turquia para a Grécia; de 500 mil muçulmanos da Grécia para a Turquia e de 80 mil búlgaros para a Grécia.
É de notar que nem todos os cristãos foram transferidos para a Grécia e que nem todos os muçulmanos para a Turquia, mas o objectivo foi o de criar uma hegemonia étnica e religiosa. Em 1922, completada a transferência populacional, Fridtjof Nansen foi galardoado com o Prémio Nobel da Paz por ter concebido e executado o plano.
Eventos anteriores à Segunda Guerra Mundial, e durante o conflito, trouxeram igualmente vagas migratórias significativas, entre as quais a fuga de milhares de sérvios da Croácia, perseguidos pela polícia pró-nazi, bem como a absorção da Transilvânia pela Hungria, que obrigou à partida de cerca de 200 mil romenos do território.

Onde não há “direito de retorno”
Kosovo: Cerca de 800 mil albaneses foram expulsos no decurso do conflito de 1999. A maioria retornou ao Kosovo depois da intervenção militar da NATO. Mas antes, 150 mil sérvios abandonaram as áreas onde os albaneses étnicos estavam em maioria. Um número equivalente de sérvios deixou o Kosovo depois da guerra, receando retaliações por parte dos albaneses.
Centenas de milhares de pessoas em todos os conflitos da região perderam as suas casas (principalmente na Bósnia Herzegovina) e foram compelidos a emigrar para outros países. Os números totais exactos são desconhecidos. O número de croatas deslocados pelas tropas sérvias durante a guerra, por exemplo, é estimado em cerca de 170 mil. A verdade é que para a comunidade internacional ficou bastante claro que não havia forma de evitar as transferências populacionais, de maneira a impedir conflitos adicionais.
Mas tudo isto é insuficiente para descrever de forma adequada as migrações nos Balcãs, que envolveram ao todo entre 7 a 10 milhões de pessoas. Em alguns casos, as vagas migratórias surgiram em consequência de limpezas étnicas, em outros como resultado de genocídio (tal como aconteceu na letal transferência forçada pelos turcos contra os arménios), e por vezes, tal como aconteceu no caso do Plano Nansen, elas foram o resultado de acordos. O denominador comum entre todas foi a tentativa de criar hegemonias étnicas ou religiosas dentro das fronteiras dos estados. Em qualquer dos casos, nunca existiu um qualquer reconhecimento do “direito de retorno”, com excepção do raro caso dos sérvios que receberam autorização para retornar à Croácia – um direito que mesmo assim lhes foi negado na prática.

12 milhões de refugiados alemães reabilitados em poucos anos
Após a Segunda Guerra Mundial, a fronteira polaca foi restabelecida ao longo do traçado proposto segundo a Linha de Curzon, em 1919 [ver Curzon Line]. Esta nova demarcação territorial resultou na transferência forçada de 1,4 milhões de polacos e ucranianos. Os polacos que permaneceram a leste da Linha de Curzon foram forçados a mudar para o lado da Polónia e vice versa para os ucranianos. O objectivo, tal como nos Balcãs, era reter uma hegemonia religiosa e étnica dos dois lados da fronteira.
Os movimentos populacionais forçados que se seguiram foram decididos na Conferência de Postdam, em 1945, logo após o final da Segunda Guerra Mundial. Há centenas de anos que existiam comunidades alemãs em várias partes da Europa oriental e do sul da Rússia. Estas comunidades foram acusadas de apoiar os nazis e de fomentar conflitos nacionalistas. Na verdade, na Sudetenland da Checoslováquia, por exemplo, uma maioria dos alemães apoiara os nazis o os seus objectivos. Mas milhões de outros alemães na Sudetenland, Roménia, Hungria e Polónia nunca se contaram entre os apoiantes de Hitler. Mesmo assim, na Conferência de Postdam foi decidido transferir estas populações germânicas.
Em consequência da decisão, entre 12 a 16 milhões de alemães foram forçados a emigrar contra a sua vontade. Muitos foram massacrados durante a transferência. Navios alemães usados na transferência foram torpedeados. Fontes alemãs alegam que cerca de 2,5 milhões de pessoas foram mortas durante esta migração forçada.
Poucos anos após a expulsão não havia um único alemão a viver num campo de refugiados e o tema da expulsão, e do terrível sofrimento infligido aos alemães – muitos dos quais não tinham culpa nenhuma dos crimes nazis – deixou de fazer parte da agenda política alemã. Tudo o que hoje resta é uma única organização, a BdV [Bund der Vertriebenen, Federação dos Expulsos], um grupo marginal na cena política alemã, apoiado principalmente pela extrema-direita. A deputada conservadora Erika Steinbach é hoje a única pessoa no parlamento alemão que ainda fala das questões dos expulsos e dos seus direitos, mas o consenso na Alemanha é que neste caso não existem direitos de compensação e muito menos de retorno.

Índia: 14 milhões de refugiados rapidamente absorvidos
Durante décadas, hindus e muçulmanos trabalharam em conjunto para assegurar a independência da Índia face à longa ocupação do império britânico. Mas, assim que a independência se afigurava como um objectivo cada vez mais alcançável começaram também a aumentar as tensões entre os dois grupos, culminando numa grande cisão. Aos poucos, a ideia de criar um estado separado para os muçulmanos começa a ganhar forma. Na segunda metade da década de 30, a causa muçulmana assegura o apoio de Muhammad Ali Jinnah, que até então tinha sido amigo e conselheiro de Mahatma Gandhi e do Congresso Nacional Indiano.
Enquanto Jinnah pretendia agora criar um estado hegemonicamente muçulmano, independente dos britânicos e da Índia, Gandhi tentou tudo para estabelecer um país unificado que incluiria hindus, sikhs e muçulmanos. Isto não abonou em seu favor aos olhos de muitos – Gandhi foi assassinado por extremistas hindus que acreditavam que ele estaria a ceder demasiado em favor dos muçulmanos.
A 14 de Agosto de 1947, com a cessação da ocupação britânica, foram criados dois estados separados: a Índia e o Paquistão. No seguimento da declaração de independência mais de 7 milhões de hindus foram transferidos do Paquistão para a Índia e um número equivalente de muçulmanos fez o caminho em sentido contrário. Esta vaga migratória foi executada por entre um escalar de tensões que provocou entre 200 mil a um milhão de mortos.Desde então, o Paquistão tem permanecido um país maioritariamente muçulmano. Actualmente na Índia, com cerca de mil milhões de habitantes, existe uma minoria muçulmana que representa 16% da população total do país.Um foco de tensão que permanece em aberto é a parte indiana da região de Caxemira, onde a maioria da população é muçulmana.A absorção dos refugiados em ambos os lados não foi fácil. Mas hoje não existem indianos ou paquistaneses que se definam como “refugiados”. Tanto de um lado como do outro, eles integraram-se totalmente nos seus novos países.

UNHCR: serviu para os refugiados arménios,não serve para os palestinianos
O colapso da URSS levou à criação de novos Estados com fronteiras traçadas ao longo de linhas étnicas e religiosas. Assim, por exemplo, muitos dos muçulmanos chechenos, que na época de Stalin foram dispersos por outras repúblicas, regressaram à Chechénia e à suas guerras.
Um outro caso, talvez mais relevante à nossa análise, é o do território conhecido como Nagorno Karabakh – uma região na qual a maioria da população é arménia, mas que fica situada no Azerbajão, um país cuja população é maioritariamente muçulmana [ver Nagorno-Karabakh]. O conflito na área tem uma longa história e foi reacendido logo a seguir à criação das repúblicas independentes, com o desmantelamento da União Soviética. A região arménia, que alcançara uma autonomia parcial, pediu em 1988 para ser anexada à Arménia.Actos de barbárie cometidos contra os muçulmanos na Arménia, e contra os arménios no Azerbaijão, criaram movimentos de refugiados em ambas as direcções. Mais tarde, a tensão transformou-se numa guerra verdadeira. A Arménia ocupou a maior parte do território em disputa.Em 1994 foi alcançado um cessar fogo, mas o conflito criara cerca de um milhão de refugiados – cerca de 360 mil cristãos arménios deslocados para áreas sob o controlo arménio, e cerca de 740 mil muçulmanos deslocados para áreas controladas pelo Azerbaijão. Mas há mais uma coisa interessante: no Azerbaijão há campos de refugiados, e para eles praticamente não existe qualquer processo de assimilação e integração.
A Arménia, por outro lado, está a fazer um esforço em colaboração com a UNHCR, a organização internacional para os refugiados, no sentido de absorver os refugiados e de os instalar de forma definitiva. Por seu lado, a UNWRA está a fazer um esforço em sentido contrário: tudo menos a absorção de árabes e muçulmanos em países árabes e muçulmanos.

Sudão: uma fábrica de refugiados
O Sudão é um país com tensões permanentes entre a população negra, não muçulmana, e a população árabe muçulmana. Durante os combates entre a elite muçulmana e a população negra, no final dos anos 80 princípio dos anos 90, cerca de 75 mil negros foram expulsos para o Senegal e para o Mali, e um número sensivelmente equivalente de muçulmanos foram recebidos na Mauritânia, depois de terem sido expulsos destes dois países anteriormente citados. A luta pela arabização do país continua.
O Sudão é a excepção, porque não estamos aqui a falar de permutas populacionais, mas sim de um país que comete limpeza étnica e assassina os seus cidadão com recurso a esquadrões da morte [ver Janjaweed]. Desde a ascensão ao poder dos islamistas, o número de casos de limpeza étnica e religiosa continua a crescer, e não só na região de Darfur, que tem sido relativamente coberta pela Imprensa internacional.
As atrocidades ocorridas sob os auspício do regime sudanês continuam a provocar uma vaga imensa de refugiados. Parte destes refugiados são definidos como IDP (pessoas internamente desalojadas), e outra parte refugiaram-se em países vizinhos, como o Chade. A juntar-se aos milhões de vítimas que foram mencionadas no último artigo [ver O Mundo Permanece em Silêncio (parte I)] estamos a falar de entre 3 a 4 milhões de pessoas forçadas a abandonar as suas casas.Até agora não se conhece que tenha acontecido uma única manifestação no mundo árabe criticando o genocídio ou a limpeza étnica ou a imposição religiosa. O Sudão está assim há muitos anos. Impede ajuda internacional. Persegue jornalistas e activistas de organizações de ajuda humanitária. Atrasa forças militares enviadas pela ONU. E a limpeza étnica continua imparável. Em conformidade com os últimos anos, o Sudão é o país que mais refugiados dá ao mundo.

Os refugiados de Chipre
O caso de Chipre é particularmente interessante. A população de Chipre é 80% grega e 20% turca – turcos chegados com a expansão do Império Otomano. Em 1974, a Turquia invadiu o Chipre no seguimento de um golpe militar que ameaçava unir a ilha à Grécia. A invasão trouxe com ela a divisão da ilha em duas entidades separadas: uma grega, outra turca. Cerca de 200 mil refugiados gregos foram forçados a mudar-se para o lado grego da ilha, e cerca de 50 mil muçulmanos fizeram o caminho em sentido oposto. A invasão turca criou um “estado” separado para os turcos que o mundo não reconhece.
Os turcos trouxeram à parte da ilha que conquistaram cerca de 100 mil colonos, isto para além de uma presença militar de dezenas de milhares de soldados, que instaurou, na prática, uma ditadura militar.
Desde a divisão da ilha, a parte grega floresce, não há campos de refugiados, não há terror, e não há “indústria” de incitamento que justifique qualquer tipo de terrorismo contra os turcos. Por outro lado, a parte turca sofre de estagnação, de elevados níveis de desemprego e de uma péssima economia.
Mesmo assim, o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, liderou um amplo acordo em 2004 [ver Annan Plan for Cyprus]. Num referendo que teve lugar na parte grega da ilha, os gregos rejeitaram o acordo. Mas para nós, para efeitos de análise, o importante aqui são as directrizes para resolver o problema dos refugiados, que foram reconhecidas pela comunidade internacional e pela União Europeia: o acordo reconhece a singularidade demográfica de cada uma das partes da ilha.
Não há qualquer reconhecimento lato do direito de retorno. O direito de retorno dos gregos foi limitados apenas àqueles com idade superior a 65 anos, e mesmo assim apenas sob a condição de que os retornados não ultrapassem 10% da população geral turca, ou 20% em qualquer localidade específica. A intenção da comunidade internacional, tal como nos casos anteriores, é manter a hegemonia demográfica.

O mundo é indiferente aos refugiados(desde que não sejam palestinianos)
Os casos aqui revistos estão longe de descrever de forma adequada as migrações populacionais ocorridas nos últimos 100 anos. Algumas organizações estimam que o número de pessoas deslocadas pelo regime comunista dentro da antiga União Soviética ronda os 65 milhões. Os conflitos em África, tal como as intermináveis guerras civis no Congo e na Somália, produziram milhões de refugiados. A maior parte destes não recebeu qualquer tipo de ajuda. E certamente nunca tiveram a sua própria organização de auxílio na ONU.
Certamente que estes refugiados gostariam de receber o mesmo tratamento dado aos palestinianos, mas o mundo parece indiferente ao seu destino. Para eles há outros critérios. Além de várias organizações de ajuda humanitária com parcos orçamentos e recursos, eles são deixados à sua própria sorte. O grau de exposição mediática que recebem e a atenção internacional que lhes é devotada é insignificante, quando comparada com os refugiados palestinianos, em relação aos quais existe uma campanha internacional de sinal oposto: para intensificar o problema, para o manipular de forma a que o número de refugiados aumenta de ano para ano.
A maioria das movimentações populacionais que analisei acima (sem incluir o Sudão!) resultaram em cerca de 38 milhões de pessoas que foram absorvidas em países dentro dos quais faziam parte de uma maioria demográfica. Mas apenas os 700 mil palestinianos se tornaram um “problema” que é perpetuado pela ONU, pela comunidade internacional e pelo mundo árabe, com o encorajamento de académicos e jornalistas, de milhões de livros, artigos e publicações, que impedem os leitores de terem acesso aos factos reais e a uma perspectiva comparativa em termos internacionais.
A solução para o problema palestiniano não passa pela transferência. Os tempos hoje são outros. São tempos em que um regime assassino como o do Sudão não pode ter autoridade para forçar a movimentação de populações inteiras. Os movimentos populacionais descritos acima – os forçados e os que resultaram de acordos – apontam para uma coisa: o retorno de refugiados e pessoas deslocadas aos locais de onde saíram resulta inevitavelmente em guerra e conflito. A ser executado, um qualquer programa de “direito de retorno” na Europa provocaria um número incalculável de guerras.

Apoio a transferências nos Balcãs,condenação de “transferencistas” em Israel
Os muçulmanos não regressarão à Grécia, os alemães não retornarão à Polónia. Isto não quer dizer que não há espaço para uma minoria muçulmana na Grécia ou para uma minoria alemã na Polónia. Há também espaço para uma minoria muçulmana em Israel, tal como há espaço para uma minoria judaica em Marrocos ou na futura Palestina.
Um caso interessante: o professor John Mearsheimer publicou, com o professor Stephan Walt, um forte artigo – quase na fronteira do antisemitismo – contra o lobby de Israel nos Estados Unidos. A hostilidade contra Israel e a influência de elementos anti-Israel, particularmente daqueles que apoiam o “direito de retorno” dos palestinianos, eram particularmente salientes no seu conteúdo.
Mas o mesmo Mearsheimer publicara um surpreendente artigo em 1993 no qual abordou, entre outras coisas, a solução do problema dos Balcãs. Mearsheimer escreveu que “têm de ser criados estados hegemónicos do ponto de vista étnico” e que croatas, muçulmanos e sérvios teriam de fazer concessões territoriais e deslocar populações.
Este é o mesmo John Mearsheimer que se tornou um herói da extrema-esquerda – internacionalmente e em Israel – por um lado, e por outro de David Duke (Klu Klux Klan), um dos mais proeminentes antisemitas da actualidade nos Estados Unidos. No seu artigo hostil a Israel, incidentalmente, Mearsheimer acusa os israelitas de apoiarem a transferência da população árabe que actualmente vive em Israel. Ele baseia isto em sondagens e em manipulações de sondagens, mas convenientemente esquece-se de mencionar que os partidos que apoiam esta transferência nunca alcançaram qualquer apoio popular ou eleitoral significativo.
Isto é ainda mais estranho atendendo ao facto do ilustre professor defender, ele próprio, as transferencias populacionais nos Balcãs, escrevendo: “a criação de estados hegemónicos vai exigir a transferência de populações e o traçar de novas fronteiras.” Poderíamos pensar que um proponente da transferência se agarraria a este argumento como se de um valioso tesouro se tratasse. Mas a questão não é a transferência. A nossa questão é ter regras internacionais aplicadas de forma justa e uniforme. John Mearsheimer é um exemplo da indústria da dualidade de critérios, que por si é responsável pela criação da indústria do “direito de retorno”.

Os negros são refugiados inferiores, os palestinianos são refugiados superiores
Todas as trocas populacionais analisadas anteriormente têm entre si um denominador comum de concordância internacional: a criação de Estados hegemónicos do ponto de vista étnico e religioso de forma a prevenir conflitos. Isto não quer dizer que se deva aspirar a uma completa hegemonia. O entendimento internacional em relação à homogeneidade, tal como se manifestou no Acordo do Chipre, é um modelo correcto para resolver o problema dos refugiados palestinianos.Se o mundo aplicasse aqui a mesma posição tomada para outros grupos – alemães, indianos, paquistaneses, etc. – não haveria hoje qualquer problema de refugiados. Mas a ONU decidiu, num erro que ficará na história das más decisões, lidar de forma diferente com os palestinianos. Esta é uma posição que se assume como uma intrínseca declaração de desigualdade. Os palestinianos são refugiados privilegiados. Os negros são refugiados inferiores.
A comunidade internacional segue as deixas da ONU. Mesmo que formalmente não apoie o “direito de retorno”, financia a indústria do “direito de retorno”. A União Europeia ajuda largas dezenas de organizações que o incluem nos seus objectivos. Segundo o princípio internacional, os palestinianos têm o direito de ser absorvidos pelo Estado Palestiniano, que será estabelecido apenas se os palestinianos optarem por viver num país ao lado de Israel – e não em vez de Israel.

Aqueles que exigem o direito de retorno dos palestinianosnegam a existência de Israel
A declaração segundo a qual cada país tem o direito de manter a sua hegemonia étnica e religiosa e que os que os refugiados que residem num local onde pertencem à maioria étnica e religiosa não têm direito de retorno, também sujeita Israel. Isto significa que mesmo que a Judeia e Samaria [Cisjordânia] sejam parte integrante da pátria histórica dos povo judeu, os judeus não tem o direito a retornar, tal como os refugiados palestinianos não têm o direito a retornar a Israel, mesmo que esta tenha sido a sua pátria histórica.
Tem de haver uma regra que se aplique aos alemães que foram absorvidos pela Alemanha , aos hindus absorvidos pela Índia, aos muçulmanos absorvidos pelo Paquistão, e esta regra estipula que os judeus têm o direito de regressar a Israel, mas não à Palestina, e que os palestinianos têm o direito de retornar à Palestina, mas não a Israel.
A negação absoluta do direito de retorno è também um derivativo não só da situação internacional, mas também do direito à autodeterminação. Os palestinianos têm esse direito, tal como o têm os judeus. E aqueles que exigem o direito de retorno para os palestinianos, e apenas para eles, basicamente negam, em palavreado branqueado, o direito à autodeterminação dos judeus. E só dos judeus.

Os muçulmanos têm de assumir a responsabilidade pelos refugiados
Não se pode culpar Israel pela perpetuação do problema dos refugiados palestinianos, mas as responsabilidades devem ser assacadas à comunidade internacional. Em vez de um remédio, lançou-se sal nas feridas. Manipulou-se o assunto. A ironia do destino, e esta é uma amarga ironia, é que esta duplicidade de critérios só aumenta o sofrimento palestiniano. Perpetua o seu sofrimento. E evita que se encontre uma solução.
O dia em que o mundo abandonar esta duplicidade de critérios será um dia de boas notícias para os palestinianos. Será o primeiro dia em que o nível do seu sofrimento começará finalmente a decrescer. Será o dia em que deixarão de ser peões de um complexo xadrez de interesses políticos. Em seu benefício, em benefício do ideal da paz, seria bom que este dia chegasse.
Israel cumpriu já a sua parte ao absorver os judeus que chegaram como resultado do mesmo conflito que fez com que os palestinianos deixassem Israel. A responsabilidade pelos refugiados palestinianos deve ser assumida pelo mundo árabe e pela comunidade internacional.
A Alemanha recebeu os alemães. A Índia recebeu os hindus. O Paquistão recebeu os muçulmanos. Israel recebeu os judeus. Dezenas de milhões de refugiados foram absorvidos nos países para onde se deslocaram – onde se integraram sempre entre as suas maiorias religiosas e étnicas. Era já tempo do mundo árabe receber os refugiados palestinianos.
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Mais uma vez, decidi traduzir e publicar aqui este extenso artigo de Ben Dror Yemini porque achei extraordinariamente importante dá-lo a conhecer aos leitores deste blog. Esta análise, meticulosa e aprofundada, do problema dos refugiados palestinianos faz ruir as ideias preconcebidas que prevalecem principalmente na Europa, ao enquadra-lo numa perspectiva global, comparando-o com problemas de refugiados no resto do mundo e com as soluções encontradas para cada caso (com todas elas a levarem a uma absorção integral dos refugiados em países de acolhimento, seguindo padrões de hegemonias demográficas).
O facto do problema dos refugiados palestinianos ter sido perpetuado por razões políticas é indiscutível. Tal como é indiscutível que os refugiados palestinianos têm sido tratados, tal como refere Dror Yemini, como meros peões de um complexo xadrez de interesses, com os países árabes a negarem-lhes sistematicamente a oportunidade e o direito à integração.
Em 1957, na Conferência de Refugiados de Homs, na Síria, foi aprovada uma declaração onde se podia ler: “Qualquer discussão para a solução do problema palestiniano que não seja baseada do direito dos refugiados aniquilarem Israel será encarada como um sacrilégio pelo povo árabe e como um acto de traição” (Beirut al Massa, 15 de Julho de 1957).A Liga Árabe deu instruções aos seus estados membros para negarem cidadania aos refugiados palestinianos, e aos seus descendentes, “para evitar dissolver a sua identidade e o direito de retorno à sua pátria.” A Jordânia, que controlou os territórios palestinianos da Judeia e Samaria (Cisjordânia), foi o único país árabe a conceder direitos de cidadania aos refugiados palestinianos.
Em 2004, por exemplo, a Arábia Saudita aprovou uma nova lei de cidadania que outorgava a nacionalidade saudita a todos os estrangeiros que residam no país durante dez anos consecutivos, com a excepção dos palestinianos, a quem esse direito continua a ser negado.
Outro exemplo marcante é o Líbano, onde os refugiados palestinianos são impedidos de comprar terra e de exercer inúmeras profissões – como medicina, engenharia, ou advocacia.
Tal como defende Ben Dror Yemini, a duplicidade de critérios da comunidade internacional, e a intransigente recusa intencional do mundo árabe em integrar os refugiados palestinianos — em profundo contraste com todas as outras vagas de refugiados do mundo – , têm contribuído para fazer do problema dos refugiados palestinianos um nó górdio de proporções inigualáveis.

O Mundo Permanece em Silêncio

Este extenso artigo foi publicado na edição de sexta-feira passada (22/09/2006) do diário israelita Ma’ariv. O seu autor, Ben Dror Yemini, um comentador de centro-esquerda, é editor das páginas de opinião do jornal. O artigo original em hebraico pode ser lido aqui: והעולם שותק. Essa tradução foi feita por um blog português que, infelizmente não lembro como se chama ou seu endereço, o que impossibilita que eu possa dar o devido crédito.
Voltando ao artigo, Dror Yemini levanta várias questões pertinentes e apresenta factos que merecem uma reflexão aprofundada. Para ler atentamente.

Facto número 1: Desde o estabelecimento do Estado de Israel, um genocídio cruel é perpetrado contra muçulmanos e árabes. Facto número 2: O conflito no Médio Oriente entre israelitas e árabes no seu todo, e contra os palestinianos em particular, é considerado o conflito central do mundo actual. Facto número 3: Segundo sondagens levadas a cabo na União Europeia, Israel é considerada “a maior ameaça à paz mundial”. Na Holanda, por exemplo, 74% da população defende este ponto de vista. Não o Irão. Não a Coreia do Norte. Israel.
A ligação entre estes factos criou a maior fraude dos nossos tempos: Israel é encarado como o país responsável por todas as calamidades, desgraças e sofrimentos. Representa um perigo à paz mundial, e não apenas para o mundo árabe ou islâmico.

Como funciona a fraude
O dedo é habilmente apontado. É difícil culpabilizar Israel pelo genocídio no Sudão ou pela guerra civil na Argélia. Como é que isto é feito?
Dezenas de publicações, artigos, livros, jornais e websites dedicam-se a um propósito único: transformar Israel num Estado que incessantemente comete crimes de guerra. Em Jacarta e Khartoum queimam-se bandeiras israelitas e em Londres, Oslo e Zurique publicam-se artigos carregados de ódio apoiando a destruição de Israel. Qualquer pesquisa nos motores de busca da Internet com as palavras “genocídio” contra “muçulmanos”, “árabes” ou “palestinianos” – com “sionista” ou “Israel” como contexto – dará resultados incontáveis. Mesmo depois de filtrado o lixo, restam milhões de publicações escritas com a maior das seriedades.Esta abundância dá resultado. Funciona como uma lavagem ao cérebro. Há cinco anos testemunhámos um espectáculo anti-israelita na Convenção de Durban [ver “Terrorism and Racism: The Aftermath of Durban,” by Anne F. Bayefsky]. Há dois anos sentimo-nos chocados quando um membro da nossa comunidade académica acusou Israel de “genocídio simbólico” contra o povo palestiniano. Mas isso não foi nada. Há milhares de publicações que acusam Israel de praticar um genocídio nada simbólico.
Sob a capa académica ou jornalística, Israel é hoje comparada à infame Alemanha de outros tempos. Em conclusão, há aqueles que apelam ao fim do “projecto sionista”. Posto de forma mais simples: porque Israel é um país que comete tantos crimes de guerra e pratica limpeza étnica e genocídio, não tem direito a existir. Esta, por exemplo, é a essência de um artigo do escritor norueguês Jostein Gaarder que, entre outras coisas, escreveu: “chamemos os assassinos de crianças pelo seu próprio nome” [ver Heretics’ almanac: A literary critique of Jostein Gaarder’s infamous piece, por Leif Knutsen]. A conclusão é que Israel não tem direito a existir.
Por entre tudo isto, a tragédia é que massacres acontecem em países árabes e islâmicos. Um genocídio protegido pelo silêncio do mundo. Um genocídio perpetrado por uma fraude que provavelmente não terá paralelo na história da humanidade. Um genocídio que não tem qualquer ligação a Israel, a sionistas ou judeus. Um genocídio maioritariamente contra árabes e muçulmanos, perpetrado maioritariamente por árabes e muçulmanos.
Esta não é uma questão de opinião ou ponto de vista. Isto é o resultado de uma avaliação factual, tão precisa quanto possível, do número de vítimas de várias guerras e conflitos que tiveram lugar desde o estabelecimento do Estado de Israel até hoje. É um morticínio de larga escala. Um massacre. É o extermínio integral de aldeias, cidades e de populações inteiras. E o mundo permanece em silêncio. Os muçulmanos estão, de facto, ao abandono. São chacinados e o mundo cala-se. E se abre a boca, não se queixa dos morticínios. Não se queixa destes crimes contra a humanidade. Queixa-se de Israel.
A grande fraude, aquela que cobre os factos reais, continua a crescer por uma razão simples: Os media e os meios académicos no Ocidente participam nela. Em inúmeras publicações Israel é retractado como um Estado que pratica “crimes de guerra”, “limpeza étnica” e “matanças sistemáticas”. Por vezes é por ser moda, outras por engano, outras vezes ainda é o resultado de hipocrisia e dualidade de critérios. Por vezes é o novo e o velho antisemitismo, da esquerda e da direita, encoberto ou descarado.

O conflito Israelo-Árabe
O estabelecimento sionista deste país [Israel], que começou nos finais do século XIX, criou, de facto, um conflito entre judeus e árabes. O número de mortos resultantes de confrontos vários até ao estabelecimento do Estado de Israel não foi mais de uns poucos milhares, tanto judeus como árabes. A maior parte dos árabes mortos durante esses anos foram-no em lutas armadas entre os próprios árabes; como, por exemplo, durante a Grande Insurreição Árabe de 1936-1939. Era um sinal do que estava para vir. Muitos outros foram mortos em resultado da mão pesada do Mandato Britânico. Israel nunca fez nada comparável.A guerra de Independência de Israel [ver 1948 Arab-Israeli War - Wikipedia], também conhecida com a Guerra de 48, fez entre 5.000 a 15.000 mortos entre palestinianos e cidadãos de países árabes. Nesta guerra, tal como em qualquer outra guerra, houve atrocidades. Os agressores declararam o seu objectivo de forma clara, e caso tivessem vencido o mundo teria assistido ao extermínio em massa de judeus. Do lado de Israel houve também actos de barbárie, mas estes situaram-se sempre na margem das margens. Menos, muito menos do que em qualquer outra guerra dos tempos modernos. Muito menos do que continua a ser perpetrado diariamente, por muçulmanos maioritariamente contra outros muçulmanos, no Iraque e no Sudão.
O evento seguinte foi a Guerra do Sinal de 1956 [ver Suez Crisis - Wikipedia]. Cerca de 1.650 egípcios foram mortos por tropas de Israel, França e Reino Unido.Depois veio a Guerra dos Seis Dias (1967) [ver Six-Day War]. As mais elevadas estimativas apontam para 21 mil árabes mortos em três frentes – Egipto, Síria e Jordânia.
A Guerra do Yom Kippur (1973) [ver Yom Kippur War - Wikipedia] resultou em 8.500 árabes mortos, desta vez em duas frentes – Egipto e Síria.Houve também guerras mais “pequenas”: a primeira Guerra do Líbano, que inicialmente fora apenas contra a OLP e não contra o Líbano. Esta foi uma guerra dentro de outra guerra. Estes foram os anos da sangrenta guerra civil libanesa, uma guerra que discutiremos mais à frente. Tal como a segunda guerra do Líbano, na qual perderam a vida cerca de um milhar de libaneses.
Milhares de palestinianos foram mortos durante a ocupação israelita dos territórios, que foi iniciada no final da Guerra dos Seis Dias. A maioria das baixas registaram-se durante as duas Intifadas, aquela que começou em 1987 que resultou em 1.800 palestinianos mortos, e a iniciada em 2000, com 3.700 mortos palestinianos. Entre estes conflitos houve mais acções militares que causaram fatalidades entre a população árabe. Se exagerarmos podemos dizer que mais umas poucas centenas de pessoas foram mortas. Não centenas de milhar. Não milhões.
A contagem total dá cerca de 60 mil árabes mortos no quadro do conflito Israelo-Árabe. Entre eles, alguns milhares de palestinianos, apesar de ser por causa deles, e só por eles, que Israel é o alvo da ira mundial. Todas as mortes são absolutamente lamentáveis. É perfeitamente aceitável e perfeitamente normal criticar Israel. Mas a censura obsessiva enfatiza um facto ainda mais espantoso: o silêncio do mundo, ou pelo menos o seu silêncio relativo, face ao extermínio sistemático de milhões de outros perpetrado por regimes árabes e muçulmanos.

O preço do sangue dos muçulmanos
Daqui para a frente temos de colocar outra questão: Quantos árabes e muçulmanos foram mortos durante os mesmos anos por outros países, pela França e pela Rússia, por exemplo, e quantos árabes, muçulmanos e outros foram mortos durante esses mesmos anos por árabes e muçulmanos? A informação aqui coligida é baseada em várias fontes, de institutos e instituições académicas a organizações internacionais (como a Amnistia Internacional e outras dedicadas à salvaguarda dos direitos humanos), das Nações Unidas e de organizações governamentais.Em alguns casos várias organizações apresentam números diferentes e contraditórios. As diferenças por vezes chegam às centenas de milhar e mesmo milhões. Provavelmente nunca saberemos os números exactos. Mas mesmos os mais baixos números aceites e estabelecidos, que são a base dos parágrafos que se seguem, apresentam um quadro simultaneamente chocante e assustador.

Argélia: Poucos anos depois do estabelecimento do Estado de Israel, deflagrou outra guerra de independência. Desta vez foi a Argélia contra a França, entre os anos de 1954 e 1962. O número de vítimas do lado muçulmano é ainda tema de uma acesa controvérsia. Segundo as fontes oficiais argelinas é superior a um milhão. Há investigadores no Ocidente que aceitam este número. Fontes francesas afirmaram no passado que morreram apenas 250 mil muçulmanos, com baixas adicionais de mais 100 mil entre os muçulmanos que colaboravam com os franceses. Mas estas estimativas são consideradas tendenciosas e baixas. Hoje em dia poucos questionam que os franceses mataram perto de 600 mil muçulmanos. E estes são os mesmos franceses que não cessam de pregar contra Israel; Israel que durante toda a história do conflito com os árabes nem chegou a um décimo desse número e, mesmo assim, apenas contando com as estimativas mais severas. O massacre na Argélia continua. A Frente Islâmica de Salvação (FIS) venceu as eleições de 1991. Os resultados eleitorais foram cancelados pelo exército. Desde então o país tem vivido uma sangrenta guerra civil, entre o governo central, apoiado pelas forças armadas, e movimentos islâmicos. Segundo várias estimativas, a guerra civil argelina fez mais de 100 mil vítimas mortais. A maioria das quais têm sido civis inocentes. Grande parte das mortes têm ocorrido em massacres horrendos de aldeia inteiras, incluindo mulheres, crianças e velhos.Sumário: 500.000 a um milhão de mortos durante a guerra de independência; 100.000 na guerra civil desde 1992.

Sudão: Um país destroçado por campanhas de destruição, quase todas entre os árabes muçulmanos do norte, que controlam o país, e o sul, onde a população é negra. Este país teve duas guerras civis, e nos últimos anos tem-se assistido a um massacre continuado, com o patrocínio do governo, na província de Darfur. A primeira guerra civil estendeu-se de 1955 a 1972. Estimativas moderadas apontam para 500.000 vítimas mortais. Em 1983 começou a chamada segunda guerra civil. Não foi bem uma guerra civil, mas sim o massacre sistemático definido como genocídio. Os objectivos eram a islamização, a arabização e a deportação em massa que ocasionalmente se tornou massacre, também pela necessidade de controlar enormes campos de petróleo. Estamos a falar de quase dois milhões de mortos.
A divisão entre vítimas muçulmanas e não-muçulmanas não é clara. A região de Noba, povoada maioritariamente por muçulmanos negros, foi um dos principais palcos dos horrores. Os negros, mesmo que sejam muçulmanos, não têm a vida nada facilitada. Desde a ascensão ao poder dos radicais islâmicos, sob a liderança do Dr. Hassan Thorabi, a situação tem piorado. Esta é provavelmente a pior serie de crimes contra a humanidade desde a Segunda Guerra Mundial – limpeza étnica, deportações, massacres em massa, escravatura, violação sistemática de mulheres, aplicação forçada das leis islâmicas, crianças retiradas aos seus pais. Milhões de sudaneses tornaram-se refugiados. Tanto quanto saiba, não há milhões de publicações a exigir o “direito de retorno” dos sudaneses e não há nenhuma petição de intelectuais a negar o direito do Sudão existir.Nos últimos anos começou-se a falar de Darfur. Muçulmanos árabes têm massacrado muçulmanos e animistas. Os números são pouco claros. Estimativas moderadas falam em 200 mil vítimas mortais do conflito, outras apontam para 600 mil. Ninguém sabe ao certo. E os massacres prosseguem.Sumário: entre 2.600.00 a 3.000.000 de mortos.

Afeganistão: Este país é uma teia de massacres – domésticos e externos. A invasão soviética, que começou a 24 de Dezembro de 1979 e terminou a 2 de Fevereiro de 1989, deixou pelo caminho cerca de um milhão de mortos. Outras estimativas falam em milhão e meio de civis mortos, mais 90 mil soldados.Depois da retirada das forças soviéticas, o Afeganistão enfrentou uma série de guerras civis entre apoiantes soviéticos, os mojahidin e os taliban. Cada um dos grupos defendia e praticava uma doutrina de extermínio do adversário. A soma das fatalidades da guerra civil, até à invasão das forças da coligação internacional lideradas pelos Estados Unidos em 2001, é de cerca de um milhão.
Há quem lamente, e com razão, a carnificina que teve lugar em resultado da ofensiva para derrubar o regime taliban e como parte da luta armada contra a al-Qaeda. Bem, a invasão do Afeganistão provocou um número relativamente limitado de vítimas, menos de 10 mil. Se esta não tivesse ocorrido assistiríamos à continuação do auto-imposto genocídio, à razão de 100 mil mortos por ano.Sumário: De 1.000.000 a 1.500.000 mortos durante a invasão soviética; cerca 1.000.000 mortos na guerra civil.

Somália: Desde 1977 que este Estado muçulmano da África Oriental tem permanecido submerso numa interminável guerra civil. O número de vítimas é estimado em 550 mil. São muçulmanos a matar outros muçulmanos. As Nações Unidas tentaram intervir com missões de manutenção de paz que redundaram em fracasso, tal como fracassaram tentativas posteriores das forças americanas.A maioria das vítimas não morre em campos de batalha, mas em resultado de privação deliberada de alimentos, massacres de civis, bombardeamentos intencionais de populações civis (como os bombardeamentos de Somaliland, que provocaram mais de 50 mil mortos).Sumário: 400.000 a 550.000 mortos.

Bangladesh: Este país aspirou a tornar-se independente do Paquistão. O Paquistão reagiu com uma invasão militar que provocou uma destruição em massa. Não foi uma guerra, foi um massacre. Entre um a dois milhões de pessoas foram sistematicamente liquidadas em 1971. Alguns investigadores definem os eventos desse ano no Bangladesh como um dos três grandes genocídios da história (depois do Holocausto e do Ruanda).Uma comissão de inquérito nomeada pelo governo do Bangladesh contou 1.247.000 fatalidades como resultado do massacre sistemático de civis pelo exército paquistanês. Há igualmente inúmeros relatos de “esquadrões da morte”, onde soldados muçulmanos eram enviados para executar assassínios em massa de agricultores muçulmanos.O exército paquistanês cessou as hostilidades apenas depois da intervenção da Índia, que sofrera um influxo de milhões de refugiados do Bangladesh. Mais de 150.000 mil pessoas foram mortas em actos de retaliação após a retirada do Paquistão.Sumário: 1.400.000 a 2.000.000 mortos

Indonésia: O maior Estado muçulmano do mundo compete com o Bangladesh e o Ruanda para o questionável título de “maior genocídio desde o Holocausto”. O massacre teve início com a revolta comunista de 1965. Há diferentes estimativas em relação ao número de fatalidades também neste caso. As mais aceites apontam para 400.000 indonésios mortos entre 1965 e 1966, apesar de estimativas mais rígidas falarem em números muito mais elevados.
Os massacres foram perpetrados pelo exército, liderado por Hag’i Mohammed Soharto, que subiu ao poder e controlaria o país durante os 32 anos seguintes. Um investigador escreveu que a pessoa encarregue de reprimir a rebelião, o general Srv Adei, admitiu: “Matámos 2 milhões, não um milhão, e fizemos um bom trabalho.” Mas para esta discussão vamos cingir-nos às estimativas mais baixas.Em 1975, depois do fim do domínio português, Timor Leste declarou a independência. Pouco tempo depois, Timor foi invadido pela Indonésia, que dominou o território com mão de ferro até 1999. Durante este período, entre 100.000 a 200.000 pessoas foram mortas.Sumário: 400.000 mortos, mais de 100.000 a 200.000 em Timor Leste.

Iraque: A esmagadora maioria da destruição ocorrida nas últimas duas décadas foi obra de Saddam Hussein. Este é outro exemplo de um regime que matou milhões de pessoas. Um dos seus pontos altos foi durante a guerra Irão-Iraque, no conflito sobre o Shat El Arab, o rio criado pela convergência do Tigre e do Eufrates.
Este foi um conflito que não levou a mais nada que não destruição em larga escala e mortes em massa. As estimativas apontam entre 450.000 e 650.000 mortos do lado iraquiano, e entre 450.000 a 950.000 mortos iranianos. Judeus, israelitas e sionistas não estavam por perto, tanto quanto sei.
Vagas de purgas, algumas motivadas politicamente (contra a oposição), outras étnicas (contra a minoria curda) e algumas motivadas pela religião (a minoria sunita no poder contra a maioria xiita), provocaram um número impressionante de vítimas. Estimativas variam entre um milhão, segundo fontes locais, e 250.000, segundo a Human Rights Watch. Outras organizações internacionais apontam para 500.000 mortos.Em 1991 e 1992 houve uma rebelião xiita no Iraque. Há, também aqui, estimativas contraditórias quanto ao número de vítimas, variando entre 40.000 e 200.000. Aos iraquianos mortos devem juntar-se também os curdos. Durante o consulado de Saddam Hussein, entre 200.000 a 300.000 curdos foram mortos num genocídio que prosseguiu nos anos 80 e 90.Com as sanções impostas ao Iraque no seguimento da Guerra do Golfo, mais de meio milhão de iraquianos morreram de doenças resultantes da falta de medicamentos. Hoje é claro que esta foi uma continuação do genocídio perpetrado por Saddam contra o seu próprio povo. Ele podia ter suprido as necessidades de medicamentos, mas Saddam Hussein preferiu construir palácios e comprar influências no Ocidente e no mundo árabe. Tudo isto tem vindo a público na sequência das investigações à corrupção no programa “Oil for Food” da ONU.Os iraquianos continuam a sofrer. A guerra civil devasta hoje o país – ainda que alguns recusem dar este nome ao massacre mútuo de sunitas e xiitas –, custando dezenas de milhares de vidas. Estima-se que cerca de 100.000 pessoas tenham morrido desde a invasão do Iraque.Sumário Iraque: entre 1.540.000 a 2.000.000 de mortosSumário Irão: entre 450.000 a 970.000

Líbano: A guerra civil libanesa aconteceu entre 1975 e 1990. Israel esteve envolvida em algumas das suas fases, naquela que é agora conhecida como a primeira Guerra do Líbano, em 1982. Os especialistas concordam que a grande maioria das vítimas foram mortas durante os primeiros dois anos da guerra civil (1975/1976).As estimativas geralmente aceites apontam para cerca de 130.000 mortos. Libaneses matando outros libaneses por razões étnicas e religiosas, e em ligação com o envolvimento da Síria. Damasco transferiu apoios entre as várias facções beligerantes. As mais elevadas projecções defendem que Israel foi responsável pela morte de 18.000 pessoas, a vasta maioria das quais combatentes.Sumário: 130.000 mortos

Yémen: Na guerra civil yemanita, entre 1962 e 1970, com envolvimento do Egipto e da Arábia Saudita, entre 100.000 a 150.000 foram mortos. O Egipto cometeu crimes de guerra ao utilizar armas químicas no conflito. Motins no país entre 1984 e 1986 provocaram a morte a outros milhares de pessoas.Sumário: entre 100.000 a 150.000 mortos.

Chechnya: A rejeição russa das pretensões independentistas da República Chechena, conduziram à primeira Guerra da Chechnya, entre 1994 e 1996. Nesta guerra perderam a vida entre 50 mil a 200 mil chechenos.
A Rússia investiu bastante neste conflito, mas falhou miseravelmente. Isto não ajudou os chechenos – alcançaram a autonomia, mas a república estava completamente em ruínas.
A segunda Guerra da Chechnya começa em 1999 e acaba oficialmente em 2001, apesar de na realidade não ter ainda terminado, gerando entre 30 mil a 100 mil vítimas mortais.Sumário: entre 80.000 a 300.000 mortos.

Da Jordânia ao Zanzibar: A juntar a todas estas guerras e massacres houve ainda confrontos de menor dimensão que custaram a vida a dezenas de milhares de pessoas – árabes e muçulmanos mortos por árabes e muçulmanos. Estes conflitos não entram nas tabelas destas páginas porque o número de vítimas é pequeno, em termos relativos, ainda que seja significativamente mais elevado que o número de vítimas do conflito Israelo-Árabe. Aqui ficam alguns deles:

Jordânia: Em 1970 e 1971 ocorrem no reino Hashemita da Jordânia os confrontos que ficariam conhecidos como Setembro Negro. O confronto foi desencadeado pelo rei Hussein, farto da forma como os palestinianos usavam o país e ameaçavam tomar o poder pela força das armas. Nos confrontos, essencialmente massacres em campos de refugiados, milhares de pessoas perderam a vida. Segundo os próprios palestinianos morreram entre 10.000 a 25.000.

Chade: Metade da população do Chade é muçulmana; mais de 30.000 civis perderam a vida em várias guerras.

Kosovo: Nesta região maioritariamente muçulmana da Jugoslávia cerca de 10.000 pessoas foram mortas entre 1998 e 2000.

Tadjiquistão: A guerra civil, ocorrida entre 1992 e 1996, deixou sem vida cerca de 50.000 pessoas.

Síria: A perseguição sistemática da Irmandade Muçulmana pelo regime de Hafez Assad terminou com o massacre da cidade de Hama, em 1982, custando a vida a 20.000 pessoas.

Irã: Milhares de pessoas foram mortas no início da Revolução do Ayatollah Ruhollah Khomeini. O número exacto é desconhecido, mas situa-se entre os milhares e as dezenas de milhar. Os curdos sofreram também a sua quota parte de morticínio às mãos do regime saído da revolução de 1979, com mais de 10.000 pessoas chacinadas.

Turquia: Cerca de 20.000 curdos foram mortos na Turquia na sequência de um conflito que ainda hoje se mantém.

Zanzibar: No início da década de 1960 a ilha ganhou independência da Tanzânia, mas apenas por um curto período. Inicialmente, os árabes tomaram o poder, mas um grupo de muçulmanos negros massacrou os árabes em 1964. As estimativas apontam entre 5.000 a 17.000 mortos em resultado deste conflito.

Mesmo assim, esta lista não termina aqui. Houve mais conflitos com um número desconhecido de vítimas nas antigas repúblicas soviéticas onde a população muçulmana era a maioria (como a guerra entre o Azerbaijão e a Arménia por causa de Nagurno Karabach), e um número discutível de muçulmanos mortos em países com populações mistas em África, tal como a Nigéria, a Mauritânia ou o Uganda – nos anos em que Idi Amin dominou o Uganda, na década de 70, cerca de 300.000 pessoas foram chacinadas. Idi Amin era muçulmano mas, em contraste com o Sudão, é difícil afirmar que o enquadramento dos massacres tinha algo a ver com a religião.

O conflito Israelo-Palestiniano
A tudo o que está acima podem juntar-se mais estes dados: a esmagadora maioria dos árabes mortos no quadro do conflito Israelo-Palestiniano foram-no em resultado de guerras instigadas pelos árabes em virtude da sua recusa em reconhecer a decisão da ONU quanto ao estabelecimento do Estado de Israel, e da sua recusa em reconhecer o direito dos judeus à autodeterminação.
O número de israelitas mortos pelos árabes tem sido relativamente menor do que o número de árabes mortos pelos israelitas. Na Guerra da Independência, por exemplo, 6.000 israelitas foram mortos entre uma população total de 600.000. Isto representa um porcento da população. Em comparação, as baixas árabes da guerra contra Israel vieram de sete países, com uma população global de largas dezenas de milhões de pessoas. Israel nunca sonhou, não pensou nem nunca quis destruir nenhum estado árabe. Mas o objectivo declarado dos exércitos atacantes era “aniquilar a entidade judaica.”
Obviamente, nos últimos tempos, as vítimas palestinianas têm recebido uma grande atenção dos media e dos meios académicos. Na verdade, estas compõem uma pequena percentagem da soma total das vítimas. A soma total dos palestinianos mortos por Israel nos territórios ocupados é na ordem dos milhares: 1378 mortos durante a primeira intifada e 3.700 durante a segunda intifada.
Menos, por exemplo, do que o número de vítimas muçulmanas massacradas pelo antigo presidente sírio Hafez Assad em Hama em 1982 (20.000). Menos do que o número de palestinianos massacrados pelo rei Hussein na Jordânia em 1971 (entre 10.000 a 25.000). Menos do que o número de pessoas mortas pelos sérvios num único massacre de muçulmanos bósnios em Srebrenica em 1991 (8.000).A morte de uma única pessoa é absolutamente lamentável, mas não há libelo fraudulento maior do que chamar “genocídio” aos actos de Israel. Mesmo assim, fazendo uma busca das palavras “Israel” e “genocídio” no Google encontram-se 13.600.000 referências. Experimentem escrever “Sudão” e “genocídio” e terão menos de 9 milhões de resultados. Estes números, se quiserem, são a essência da grande fraude.

A ocupação não é iluminada, mas não é brutal
Outro facto: Desde a Segunda Guerra Mundial, o conflito Israelo-Palestiniano é o conflito nacional com o menor número de vítimas, mas com o maior número de publicações hostis a Israel nos media e nos meios académicos.Pelo menos meio milhão de argelinos morreram durante a ocupação francesa. Um milhão de afegãos perderam a vida no decurso da ocupação soviética. Milhões de muçulmanos e árabes foram chacinados às mãos de outros muçulmanos e árabes. Mas a única história que o mundo reconhece é a de Mohammed al-Dura (cuja morte é perfeitamente lamentável, mas que ao mesmo tempo é duvidoso que ele tenha sido morto por soldados israelitas).
É possível e perfeitamente aceitável criticar Israel. Mas a excessiva, obsessiva, e por vezes antisemita crítica serve também para cobrir, e em alguns casos mesmo aprovar, o genocídio de milhões de outros.A ocupação não é iluminada e nunca poderá ser iluminada. Mas se tentarmos criar uma escala de “ocupações brutais”, Israel ficará em último. Isto é um facto. Não é uma opinião.
O que aconteceria aos palestinianos se, em vez de estarem sob ocupação israelita, fossem ocupados pelos iraquianos? Ou pelos sudaneses? Ou mesmo pelos franceses ou pelos russos? É muito provável que tivessem sido vítimas de genocídio, na pior das hipóteses, ou de massacres em massa, purgas e deportações, na melhor das hipóteses.Mesmo que, e repito, não existam ocupações iluminadas, e se é aceitável e possível, e por vezes absolutamente necessário, criticar Israel, não há nem nunca houve uma ocupação com tão poucas baixas (na verdade há outras questões que não se manifestam no número de baixas, como o problema dos refugiados, que discutirei num capítulo separado).

A moralidade do ecrã de televisão
Então por que razão é a percepção do mundo exactamente o oposto? Porque razão não existe uma ligação entre os factos e os números e a muito demoníaca imagem de Israel no mundo?
Há muitas respostas possíveis. Uma delas é que a moral do Ocidente tornou-se a moralidade das câmaras de televisão. Se um terrorista palestiniano ou do Hezbollah lançar um míssil por entre habitações civis, e Israel retaliar – causando, imagine-se, a morte de duas crianças –, haverá inúmeras manchetes e artigos por todo o mundo clamando que “Israel assassina crianças”. Mas se aldeias inteiras são destruídas no Sudão, ou se cidades inteiras forem arrasadas na Síria, não haverá câmaras de televisão na zona.
E assim, de acordo com a moralidade televisiva, José Saramago e Harold Pinter assinarão uma petição protestando contra o “genocídio” e os “crimes de guerra” perpetrados por Israel. Provavelmente eles não sabem que, com algumas excepções, os actos de Israel contra alvos militares que atingem civis são permitidos de acordo com as Convenções de Genebra (protocolo 1, parágrafo 52.2). E porque estão tão submersos na moralidade das câmaras de televisão, nunca assinarão uma petição em protesto contra o genocídio de muçulmanos perpetrado por muçulmanos. O assassínio pelo assassínio.A moralidade televisiva é uma tragédia para os próprios árabes e muçulmanos. Israel paga caro por causa dela, mas os árabes e muçulmanos são as suas vítimas reais. E enquanto prosseguir a moralidade do ecrã, os árabes e muçulmanos continuarão a pagar o preço.

Epílogo
Há aqueles que defendem que os estados árabes e muçulmanos são imunes a críticas porque não são democráticos, mas Israel é merecedora de críticas porque tem pretensões democráticas. Argumentos destes revelam um Orientalismo paternalista no seu pior. A suposição encoberta é que os árabes e muçulmanos são as crianças atrasadas mentais do mundo. Eles podem fazê-lo. Isto não é só Orientalismo paternalista. É racismo.
Os árabes e muçulmanos não são crianças e não são atrasados mentais. Muitos árabes e muçulmanos reconhecem este fenómeno e escrevem sobre ele. Eles sabem que só o fim da auto-ilusão e o assumir de responsabilidades pode trazer a mudança. Eles sabem que enquanto o Ocidente os tratar como desiguais e irresponsáveis estará a perpetuar não só uma atitude racista, mas também a continuação das chacinas em massa.
O genocídio que Israel não está a cometer, aquele que é um libelo fraudulento, esconde o verdadeiro genocídio, o genocídio silenciado que árabes e muçulmanos estão a cometer contra si próprios. A fraude tem de acabar para que se possa olhar a realidade. Para o bem dos árabes e muçulmanos. Israel paga em imagem. Eles pagam em sangue. Se restar no mundo alguma moralidade, isto deveria ser do interesse de quem ainda tem dela alguma gota. A acontecer, seria uma pequena notícia para Israel, mas um imensa boa nova para os árabes e muçulmanos.

Saturday, January 27, 2007

The Carter-Chavez Connection

Jimmy Carter and Hugo Chavez

In this morning’s Wall Street Journal online edition, Jimmy Carter attempts to respond to critics of his role in legitimizing the recent Venezuelan referendum on the loathsome Hugo Chavez regime. The nub of the problem is this: While exit polls conducted by the very reliable American firm of Penn, Schoen, and Berland showed Chavez losing by a large margin (59 – 41), the official results put Chavez free and clear by a vote of 58 to 41 percent.

How could the exit polls be nearly 40 points off? The short answer is, they weren’t. Chavez, whose anti-democratic, pro-Castro sympathies are openly proclaimed (he tried to block the constitutionally-mandated referendum for months), stole the election. “I think it was massive fraud,” Doug Schoen told Michael Barone at U.S. News and World Report. “Our internal sourcing tells us that there was fraud in the [Venezuelan] central commission.” There are widespread reports of irregularities and evidence of fraud, many of them ably recorded by Mary Anastasia O’Grady in the Wall Street Journal last week. Carter is untroubled by any of this, and declares that Chavez won “fair and square.”

The remarkable thing about Carter’s “rebuttal” to his critics is that he does not offer any refutation of the criticisms. Instead, his article reads like a puff-piece for the wonderful character of the Carter Center, and offers up a fog of sentimentality. “The Carter Center has monitored more than 50 troubled democratic elections, all of them either highly contentious or a nation's first experience with democracy,” he writes, neglecting to tell readers that he has opposed the use of independent exit polls in most of those elections. In this case, Carter simply waives away the exit poll results as though they didn’t exist. Incredibly he writes: “During the voting day, opposition leaders claimed to have exit-poll data showing the government losing by 20 percentage points, and this erroneous information was distributed widely.” Erroneous information? Carter apparently believes that he is not only entitled to his own opinion, but also to his own facts. (Neither does he answer or rebut any other specific allegations about the election.)

Carter has a long history of coddling dictators and blessing their elections, and among his complex motivations is his determination to override American foreign policy when it suits him. In the famous 1990 election in Nicaragua, Carter, along with most of the liberal Democratic establishment in Washington, openly hungered for a Sandinista victory as a way of discrediting the Reagan-Bush support for the Contras. Sandinista strongman Daniel Ortega had visited Carter in the U.S. and called him “a good friend,” and Carter consistently downplayed or excused reports of Sandinista pre-election thuggery and voter intimidation. When the early vote count showed the Sandinistas losing by a landslide, the Sandinista junta ordered a news blackout and appeared on the brink of canceling the election. Although Carter pressured the Sandinistas to relent, he also told opposition candidate Violetta Chamorro not to claim victory until Ortega had conceded defeat—potentially disastrous advice if Ortega had ignored Carter and nullified the election. Carter returned to the U.S. bitterly disappointed that his Sandinista pals had been turned out. (Among other ridiculous things Carter said about Nicaragua under Communist rule was that there was “as much free enterprise, private ownership, as exists in Great Britain.”)

There is speculation that Carter blessed Chavez’s stolen election to prevent further violence, but it should also be kept in mind that Carter also enjoys seeing the interests of the United States, especially when defined by Republican presidents, humiliated. Chavez’s anti-Americanism will now intensify, thanks in part to the worst ex-President in American history, who has never been content to let his four years of ruinous rule be his last public deed.
Steven F. Hayward is resident scholar at the American Enterprise Institute, and the author of The Real Jimmy Carter: How Our Worst Ex-President Undermines Democracy, Coddles Dictators, and Created the Party of Clinton and Kerry.
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A conexão Carter-Chavez
Na edição on-line do Wall Street Journal do dia 26 de agosto Jimmy Carter tenta responder as críticas sobre o seu papel em legitimar o recente referendo venezuelano sobre o abominável governo Hugo Chavez. A raiz do problema é essa: Enquanto uma pesquisa de boca-de-urna realizada pela confiável firma americana Penn, Shoeb e Berland mostrou um derrota de Chavez por uma larga diferença (59-41), o resultado oficial mostrou Chavez como vencedor com uma vantagem de 58-41.

Como uma pesquisa de boca-de-urna pôde mostrar um resultado tão diferente? A resposta curta é não podem. Chavez, como seus simpatizantes antidemocráticos e pró-Fidel estão proclamando abertamente (ele tentou impedir o referendo assegurado na constituição por meses), roubou a eleição. “Eu acho que foi uma grande fraude” Doug Schoen disse a Michael Barone na U.S. News e na World Reporter. “Nossas fontes internas dizem que houve fraude na comissão central venezuelana”. Existem inúmeras evidências de irregularidades e de fraudes, muitas delas registradas habilmente por Mary Anastacia O`Grady no Wall Street Journal na semana passada. Carter não se preocupa com nada disso e declara que Chavez venceu de forma honesta.

O mais extraordinário sobre as incoerentes respostas de Carter aos seus críticos é que ele em nenhum momento tenta refutar as críticas. Ao invés disso, seu artigo prefere exaltar a maravilhosa natureza do Centro Carter e cria uma nuvem de sentimentalismo. “O Centro Carter já monitorou mais de 50 eleições problemáticas, todas elas ou altamente contenciosas, ou a primeira experiência de uma nação com a democracia”, ele escreve, esquecendo de contar aos leitores que ele se opôs ao uso de pesquisas de boca-de-urna na maioria dessas eleições. Nesses casos Carter simplesmente age como se essas pesquisas não existissem. De forma inacreditável ele escreve: “Durante o dia da eleição, líderes da oposição afirmando terem pesquisas de boca-de-urna mostrando que o governo perdia por uma diferença e 20 pontos e essa informação errada foi distribuída extensamente”. Informação errada? Aparentemente Carter acredita que não apenas ele tem direito a uma opinião própria desligada da realidade, mas também tem direito aos seus próprios fatos. (Ele também não refuta nenhuma outra alegação específica sobre as eleições venezuelanas).

Carter tem uma longa história em mimar ditadores e abençoar suas eleições, e entre suas complexas motivações está a sua determinação em passar por cima da política exterior americana quando tem vontade. Nas famosas eleições da Nicarágua de1990, Carter, junto com a maior parte do establishment esquerdista do Partido Democrata em Washington, torceu abertamente por uma vitória sandinista como forma de desmoralizar o apoio de Reagan e Bush aos Contras. Daniel Ortega, o homem-forte dos sandinistas, tinha visitado Carter nos Estados Unidos e o chamou de “bom amigo”, e Carter subestimou ou justificou várias vezes as notícias pré-eleitores de que os sandinistas estavam intimidando fisicamente os eleitores. Quando os resultados iniciais mostraram que os sandinistas estavam perdendo por uma larga diferença, a junta Sandinista ordenou que nenhuma informação fosse passada a imprensa e esteve a beira de cancelar as eleições. Apesar de Carter ter pressionado os sandinistas a aceitarem o resultado, ele disse a candidata da oposição, Violleta Chamorro, a não se declarar vitoriosa antes de Ortega se declarar derrotado – um conselho potencialmente desastroso se Ortega tivesse ignorado Carter e cancelado as eleições. Carter voltou aos Estados Unidos muito desapontado pela derrota de seus amigos sandinistas. (Entre outras coisas ridículas que Carter disse sobre a Nicarágua sob o jugo comunista, foi que lá havia “tanta iniciativa privada e propriedade privada quanto na Grã-Bretanha”).

Existe uma especulação de que Carter teria abençoado a eleição roubada de Chavez para impedir mais violência, mas também tem que ser considerado que Carter também adora ver os interesses dos Estados Unidos, especialmente quando definidos por presidentes republicanos, humilhados. O antiamericanismo de Chavez agora será intensificado, graças em parte ao pior ex-presidente da história americana, que nunca se contentou em deixar que seus quatro ruinosos anos na presidência fossem seu último legado público.

*Steven F. Hayward é autor do livro “The Real Jimmy Carter: How Our Worst Ex-President Undermines Democracy, Coddles Dictators, and Created the Party of Clinton and Kerry”.

Jimmy Carter, the Warmaker



God must have a sense of humor.

In the same month that Jimmy Carter was awarded the Nobel Peace Prize, a new book reveals that Carter may be guilty of treason, based on newly unearthed Soviet documents.

And just days after it was announced that Carter had won the Peace Prize, North Korea announced that it had atomic weapons and some "worse stuff."

Carter, the so-called "peacemaker," had been instrumental in the early '90s in "mediating" U.S.-Korean relations, an effort that led to Clinton policies that actually helped North Korea build and acquire these weapons.

Isn't it odd that a man who has helped so many tyrants and dictators through the years should get the Nobel Peace Prize?

We all know that the Nobel committee has long leaned toward the left, and long interpreted "peace" as a result of capitulations by the West and democracies to bullying and tyrannical dictators. So the award should not have come as a surprise.

The Nobel committee said it gave the 39th president the award "for his decades of untiring effort to find peaceful solutions to international conflicts, to advance democracy and human rights, and to promote economic and social development."

The facts show that, far from bringing peace, Carter has left a trail of disaster behind his long path.

Far from being an honest mediator, Carter has been a shameless self-promoter who also may well have committed treason to keep himself in the presidency.

Last week, "Reagan's War: The Epic Story of His Forty-Year Struggle and Final Triumph Over Communism" (Doubleday) by Peter Schweizer was released.

This book offers damning evidence that Jimmy Carter, as both president and citizen, may have committed treason by enlisting the help of the Soviet Union in the 1980 and 1984 presidential elections.

Schweizer combed through once-secret KGB and Communist Party files. What he discovered about Jimmy Carter is very disturbing.

Documents show, according to Schweizer, that in the closing days of the 1980 campaign, the Carter "White House dispatched Armand Hammer to the Soviet Embassy for a secret meeting with Ambassador Dobrynin."

Hammer told Dobrynin that Carter was "clearly alarmed at the way things stood in the election campaign."

Hammer asked for Soviet help, especially to help Jewish emigration, which would have helped Carter's standing in key electoral states. Hammer promised, "Carter won't forget that service if he is re-elected."

"Peacemaker" Carter was a boon to the Soviets. During his presidency, the Evil Empire reached its zenith, making bold moves in Ethiopia, Yemen, El Salvador, Grenada, Nicaragua and Afghanistan.

Carter once again sought the Soviets' help in 1984.

Carter was out of office then, but he still felt the need to visit Ambassador Dobrynin at his Washington home.

According to the Soviet document, Carter came to complain about Reagan and his defense buildup.

Carter told Dobrynin that if the Soviets didn't do something about Reagan, "there would not be a single agreement on arms control, especially on nuclear arms, as long as Reagan remained in power."

Carter's intention was clear. He wanted the Russians to intervene in some way to help get a Democrat back into the White House.

This new evidence questions Jimmy Carter's patriotism.

But Carter's devotion to "peace" also was demonstrated to be wrongheaded by Reagan, who indeed won the Cold War without war, and has brought an era of harsh tyranny against populations worldwide, but bloody conflicts where millions had died.

Reagan's strategy, as Schweizer shows, won the Cold War.

Still, we should not forget that we are still suffering because of Carter's decisions as president. It was Carter's refusal to assist the Shah of Iran that allowed the Ayatollah Khomeini and Islamic fundamentalists to gain power and flourish.

Ground Zero has a trail right back to the feet of Jimmy Carter in the Oval Office.

If the Nobel committee were fair, it would have awarded the peace prize to Ronald Reagan.

But that will never happen, because Reagan didn't apologize for dictators, didn't pressure democracies to cave in to dictators, and didn't accept millions of dollars from Arab sheiks and then complain about Israel's human rights record.

And unlike Carter, Reagan never kissed up to the media.

After winning the Nobel Peace Prize, Carter telephoned NBC's Katie Couric. Even she was surprised by the call. Why would Carter call her, of all people?

Carter, the shameless, self-promoting politician, knew exactly what he was doing.

Good PR from media liberals like Couric had helped cover up his record – a record that includes consorting with our former enemy.

Peanut Jimbo, America's Worst President
Jimmy Carter/ Peace Not Apartheid
Jimmy Carter/ Peace Not Apartheid II
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Deus deve ter senso de humor.

No exato mês em que Jimmy Carter ganha o Prêmio Nobel da Paz, um novo livro, baseado em documentos soviéticos recentemente resgatados, revela que ele pode ser culpado de traição e deslealdade.

E poucos dias após ser anunciado que Carter ganhara o Prêmio da Paz, a própria Coréia do Norte anunciou sua posse armas atômicas e algumas outras “coisas piores”.

Carter, o chamado “peacemaker”, foi, no início da década de 90, responsável por “mediar” as relações diplomáticas entre os EUA e a Coréia , num esforço que levou às medidas de Clinton – as quais, essas sim, realmente ajudaram a Coréia do Norte a construir e adquirir tais armas.

Não parece estranho que um homem que ajudou tantos tiranos e ditadores ao longo dos anos venha a receber o Prêmio Nobel da Paz?

Todos sabemos que há muito tempo o Comitê Nobel se inclinou à esquerda, e há muito interpreta a palavra “paz” como o resultado da capitulação do Ocidente e da democracia a ditadores tirânicos e valentões. Sob esse aspecto, então, o prêmio não é nenhuma surpresa.

O Comitê Nobel disse ter dado o prêmio ao trigésimo nono presidente por suas “décadas de incansável esforço buscando encontrar soluções pacíficas para conflitos internacionais, avançar na democracia e nos direitos humanos e promover o desenvolvimento econômico e social”.

Os fatos revelam que, longe de ter trazido paz, Carter deixou um rastro de desastre atrás de seu longo caminho.

Tudo menos mediador honesto, Carter foi um auto-promotor sem vergonha, que pode ter cometido alta traição para continuar no governo.

Na semana passada, foi lançado o livro Reagan’s War: The Epic Story of His Forty-Year Struggle and Final Triumph Over Comunism (Doubleday), de Peter Schweizer.

O livro oferece evidências de que, tanto como presidente quanto como cidadão, Jimmy Carter pode ter cometido um crime de alta traição por solicitar e conseguir ajuda da União Soviética para as eleições presidenciais de 1980 e 1984.

Schweizer passou um “pente fino” nos arquivos da KGB e do Partido Comunista. O que ele descobriu sobre Jimmy Carter é perturbador.

De acordo com Schweizer, documentos evidenciam que, nos dias decisivos da campanha de 1980, a “Casa Branca [de Jimmy Carter] dspachou Armand Hammer à embaixada soviética para um encontro secreto com o Embaixador Dobrynin.”

Hammer disse a Dobynin que Carter estava “claramente agitado com a situação da campanha eleitoral”.

Hammer pediu ajuda soviética, especialmente para manter a imigração judaica, que ajudaria Carter a se manter firme eleitoralmente em determinados Estados estratégicos. E Harmer prometeu que “Carter não se esquecerá desse serviço caso seja reeleito”.

Jimmy “Peacemaker” Carter era uma dádiva para os soviéticos. Durante sua presidência, o Império do Mal alcançou o zênite, com seus lances arrojados na Etiópia, no Yemen, em El Salvador, em Granada, na Nicaragua e no Afeganistão.

Carter procurou ajuda dos soviéticos de novo, em 1984.

Carter estava fora do cargo, mas ainda assim sentiu a necessidade de visitar o Embaixador Dobrynin na sua casa de Washington.

De acordo com o documento soviético, Carter chegou a reclamar de Reagan e do edifício de defesa que criara.

Carter disse a Dobyinin que, se os soviéticos não tomassem uma atitude quanto a Reagan, “não haveria um único acordo sobre controle de armas, especialmente armas nucleares, enquanto Reagan permanecesse no poder”.

A intenção de Carter era clara. Ele queria que os russos interviessem de alguma forma para ajudar a colocar, de novo, um democrata na Casa Branca.

Essa nova evidência nos faz duvidar do patriotismo de Jimmy Carter.

Mas Reagan, que de fato ganhou a Guerra Fria sem nenhuma guerra, mostrou a verdadeira orientação dessa devoção de Carter à “paz”. O que a tal devoção trouxe foi nada menos que uma guerra de cruel tirania contra as populações de todo o mundo, sem falar nos conflitos sangrentos que levaram a milhões de mortes.

A estratégia de Reagan, como mostra Schweizer, ganhou a Guerra Fria.

Mas não devemos nos esquecer de que ainda sofremos devido a certas decisões que Carter tomou enquanto presidente. Foi a recusa de Carter a ajudar o Shah do Irã que permitiu que o Aiatolá Khomeini e os fundamentalistas islâmicos ganhassem poder e florescessem.

O Ground Zero* tem antecedentes na presença de Jimmy Carter na Sala Oval.

Se o Comitê Nobel fosse justo, teria concedido o prêmio a Ronald Reagan. Mas isso nunca vai acontecer, porque Reagan nunca fez apologia de ditadores, nunca pressionou nenhuma democracia à submissão a ditadores, e nunca aceitou milhões de dólares de sheiks árabes para reclamar o cumprimento dos direitos humanos por Israel.

E Reagan, bem diferente de Carter, nunca se engraçou com a mídia.

Após ganhar o Prêmio Nobel da Paz, Carter telefonou para Katie Couric da NBC. Até ela se surpreendeu com a ligação. Porque Carter, justo Carter, ligaria para ela?

Mas ele, o político sem vergonha e auto-promotor que sempre foi, sabia exatamente o que estava fazendo.

Boas relações com progressistas da mídia como Couric o ajudaram a encobrir sua ficha – uma ficha que inclui até parcerias com nosso antigo inimigo.

Friday, January 26, 2007

Civilization Under Siege—The Riots in Paris

"Civilization is hideously fragile," argued C. P. Snow. "There's not much between us and the horrors underneath, just about a coat of varnish."

Snow's statement takes on ominous overtones in light of the raging riots in and around Paris. Over the past nearly two weeks, demonstrations, rioting, car burnings, and various other acts of violence have spread throughout the suburban enclaves where the city's ethnic minorities--mostly immigrants from North Africa--are congregated. The violence is not limited to France. Similar violence has erupted in Brussels and other European cities. Clearly, something has gone horribly wrong.

Even as many in the Western media attempt to downplay the extent and nature of this violence, the smoke is spreading, and the debris is mounting. The world has watched as France has been thrown into a state of emergency, with riots, street fighting, and arson enveloping entire neighborhoods. The weak, slow, and confused response of the French government has only exacerbated the problem. Even as the government declared a state of emergency, French authorities still deny the extent of the disorder.

For years now, observers have warned that Europe has put itself in a position of tremendous vulnerability. Even as European birth rates have fallen below population replacement levels, immigrants, largely from Muslim lands, have been eagerly received and put to work. In one sense, many Western European nations built the economic expansions they experienced during the 1960s and 1970s on a base of immigrant labor.

Now, France and its neighboring countries are reaping what they have sown. The economic growth of the 1960s and 1970s has been replaced with economic stagnation and rampant unemployment. The young men now rioting in the streets of Paris represent the second generation of immigrants, and they face a bleak future with little hope of gaining jobs or a chance to obtain the European vision of happiness and prosperity.

Furthermore, they don't want to embrace that European worldview in the first place. To a far greater extent than their parents, these second-generation inhabitants of minority enclaves want to reassert their Islamic identity and force their agenda upon the nation.

France is now home to an estimated six million Muslims, most of African descent. This Muslim population, the largest in Europe, represents almost one tenth of the total population of France. "The government hasn't really realized we're facing a major political crisis," said Patrick Lozes, president of the Circle for the Promotion of Diversity in France told The Washington Post. "The French social model is exploding."

Indeed, as The Wall Street Journal noted, "France is the main testing ground of the continent's ability to bring this rapidly growing minority into the fold." It's not going well.

The Europeans have prided themselves on rejecting America's concept of the "melting pot." Instead of assimilating immigrants into the larger national culture, France (along with most other Western European nations) has encouraged immigrants to maintain their own identity, language, and culture and has created a "salad bowl" model that now contributes to this civil strife.

Without doubt, the protests are linked to economic realities. Young men who have little opportunity for jobs and economic power can easily opt-out of the entire cultural project--especially when they were never invited to join in the first place. Unemployment among French citizens in their twenties now stands at twenty percent, and the unemployment rate for members of the country's minority population of the same age is forty percent. This alone is a recipe for disaster.

Nevertheless, the economic explanation is woefully insufficient. The rioters, often identified in the press as "youths," are agents of violent rage and social anarchy. As observer Mark Steyn comments, the riot is now taking on the shape of "a rather shrewd and disciplined campaign."

The urban terrorists who are rioting in France have taken their cues from terrorists in the Middle East, where car burnings and similar demonstrations of violence have become a means of routine political protest.

Paul Belien, writing from Belgium, suggests that France is no longer able to defend itself against the forces of barbarism. "Unlike their fathers, who came to France from Muslim countries, accepting that, whilst remaining Muslims themselves, they had come to live in a non-Muslim country, the rioters see France as their country," he explains. "They were born here. This land is their land. And since they are Muslims, this land, or at least a part of it, is Muslim as well."

Furthermore, Belien argues that the rioters are not driven by anger, but by hatred. These young agents of disorder do not merely hate their limited economic prospects, but the very civilization that has harbored them. "It is hatred," Belien insists. "Hatred caused not by injustice suffered, but stemming from a sense of superiority. The 'youths' do not blame the French, they despise them."

Steyn suggests that the widespread outbreak of violence in Paris and beyond represents "the start of a long Eurabian civil war." Steyn, along with other concerned observers, understands that Europe is heading for a Muslim future. After all, the Muslims are having babies at a rate that far exceeds native Europeans. Furthermore, they are driven by a clear political agenda, deep Islamic conviction, and a clear and coherent concept of what they want the culture to be--an Islamic state.

The French, on the other hand, while possessed of an enormous sense of cultural superiority, no longer possess a clear or coherent concept of what it means to be French. They stress tolerance, but have embraced forces of radical intolerance.

As Thomas Sowell explains, "In the name of tolerance, these countries have imported intolerance, of which growing antisemitism in Europe is just one example. In the name of respecting all cultures, Western nations have welcomed people who respect neither the cultures nor the rights of the population among whom they have settled."

Steyn's concept of "Eurabia" also points to the links between the violence in France and the simmering hatreds of the Middle East. For the last several decades, France has attempted to appease its Muslim citizens by supporting Arab governments, criticizing Israel, and offering financial assistance to radical groups such as Hamas. Presumably, the frustrated Muslim youth of France were to be thankful for the French government's support of Muslim extremism in the Middle East. What possessed the French to think that the extremism would remain outside its own borders?

The unrest in France should serve to underline the deep cultural commitments that are fundamental to civilization. No society can withstand the threat of rampant anarchy from within. Civilization is always an achievement--a work and project embraced and supported by the vast majority of citizens, who enter into a social compact for the common good.

France has struggled with these ideals ever since the French Revolution. Unlike the American Revolution, which was established upon an inherited Christian worldview and the conservative streams of the Enlightenment, the French Revolution was radical, violent, anarchic, and highly secular.

Indeed, secularism has been an official French project for most of the last two centuries. Even as the French revolutionaries replaced the cross on the altar of the Cathedral of Notre Dame with a likeness of the goddess Reason, the French have prided themselves on the highly secular nature of their cultural experiment.

From one angle, this experiment appears to be a radical success. After all, only a small minority of French citizens consider themselves active Christians. Christianity plays almost no public role in the nation and its public culture. On the other hand, it is now apparent that this secularism, so eagerly embraced as a national project, has left a huge vacuum in the soul of French civilization. Even as nature abhors a vacuum, a secular vacuum will not long survive. The Muslim youths now rampaging through the streets of Paris want to fill that vacuum with Muslim rage.

Writer Theodore Dalrymple speaks of "barbarians at the gates of Paris." Those who honor civilization and understand, like C. P. Snow, that civilization is "hideously fragile," must look to France with concern and soberness. Will European civilization soon be a thing of the past?

Ethnic Violence and Economic Decline in Europe/ Violência étnica e crise econômica na Europa

Western Muslims' Racist Rape Spree/ A epidemia do estupro étnico

The Swedenization of Europe/ A Suecificação da Europa

Nepal and France: Two Opposite Responses to Terrorism
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Civilização sob cerco - os tumultos em Paris

"A civilização é terrivelmente frágil", argumentou C. P. Snow. "Não há muita diferença entre nós e os horrores lá de baixo, a não ser uma cobertura de verniz".

A declaração de Snow assume um sinistro significado sutil à luz da fúria dos tumultos em Paris e arredores. Durante as últimas duas semanas, manifestações, tumultos, queima de carros e vários outros atos de violência se espalharam nos encraves suburbanos em que as minorias étnicas - em grande parte imigrantes do Norte da África - se reúnem. A violência não se limitou à França. Violência semelhante irrompeu em Bruxelas e outras cidades européias. Evidentemente, algo saiu terrivelmente errado.

Enquanto muitos nos meios de comunicação do Ocidente tentam minimizar a extensão e natureza dessa violência, a fumaça das queimas se espalha e os escombros se acumulam. O mundo inteiro assistia enquanto a França era atirada a um estado de emergência, com badernas, brigas nas ruas e incêndios propositados envolvendo vizinhanças inteiras. A reação fraca, lerda e confusa do governo francês só agravou o problema. Muito embora o governo declarasse estado de emergência, as autoridades francesas ainda negam a extensão da desordem.

Há anos que observadores alertam que a Europa se colocou numa posição de tremenda vulnerabilidade. Enquanto os índices de nascimentos na Europa caíram abaixo dos níveis de substituição da população, os imigrantes - a grande maioria de países muçulmanos - são recebidos com expectação e introduzidos no mercado de trabalho. Até certo ponto, muitas das nações da Europa Ocidental construíram a expansão econômica que experimentaram durante as décadas de 1960 e 1970 numa base de trabalho de imigrantes.

Agora, a França e seus países vizinhos estão colhendo o que semearam. O crescimento econômico das décadas de 1960 e 1970 deu lugar para a estagnação econômica e desemprego abundante. Os jovens que hoje estão criando tumultos nas ruas de Paris representam a segunda geração de imigrantes, e eles enfrentam um futuro sombrio com pouca esperança de ganhar empregos ou pouca chance de alcançar a visão européia de felicidade e prosperidade.

Além disso, eles não querem adotar essa perspectiva européia em primeiro lugar. Esses habitantes de encraves de minoria, que são a segunda geração de imigrantes, querem muito mais do que seus pais manter firme sua identidade islâmica e forçar a França inteira a aceitar seus planos e metas.

A França hoje abriga aproximadamente seis milhões de muçulmanos, a maioria de ascendência africana. Essa população muçulmana, a maior da Europa, representa quase dez por cento da população total da França. "O governo realmente não percebeu que estamos enfrentando uma importante crise política", disse Patrick Lozes, presidente do Círculo para a Promoção da Diversidade na França, em entrevista ao jornal The Washington Post. "O modelo social francês está se destruindo".

Aliás, conforme comentou o jornal The Wall Street Journal, "A França é a principal área de teste para a capacidade do continente europeu de introduzir em sua sociedade essa minoria que está crescendo rapidamente". A França não está indo bem no teste.

Os europeus se orgulham de rejeitar o conceito americano de assimilação. Em vez de assimilar os imigrantes na cultura da maioria do país, a França (juntamente com a maioria das outras nações da Europa Ocidental) sempre incentivou os imigrantes a manter sua própria identidade, língua e cultura e criou um modelo sem assimilação que agora contribui para esse conflito na sociedade francesa.

Sem dúvida, os protestos estão ligados a realidades econômicas. Jovens que têm pouca oportunidade de empregos e poder econômico podem facilmente escolher ficar de fora do projeto inteiro da sociedade - principalmente quando eles nunca foram convidados para fazer parte dela em primeiro lugar. O desemprego entre os cidadãos franceses de vinte anos agora está em vinte por cento, e o índice de desemprego da população das minorias da mesma idade na França é de quarenta por cento. Só isso já é receita para desastre.

Apesar disso, a explicação econômica é tristemente insuficiente. Os agitadores, muitas vezes identificados na imprensa como "jovens", são agentes de violenta fúria e anarquia social. Como comenta o observador Mark Steyn, os tumultos estão agora tomando a forma de "uma campanha consideravelmente astuta e treinada". Os terroristas urbanos que estão provocando tumultos na França aproveitaram suas dicas de terroristas do Oriente Médio, onde queimas de carros e manifestações de violência tornaram-se meios de protestos políticos rotineiros.

Paul Belien, escrevendo da Bélgica, menciona que a França não mais consegue se defender contra as forças do barbarismo. "Os pais dos agitadores saíram de países muçulmanos para ir para a França, aceitando o fato de que, embora permanecessem muçulmanos, eles haviam chegado para viver num país que não era muçulmano. Diferente de seus pais, os agitadores vêem a França como seu país", explica ele. "Eles nasceram aqui. Essa terra é deles. E já que eles são muçulmanos, essa terra, ou pelo menos parte dela, é também muçulmana".

Além disso, Belien argumenta que os agitadores não são movidos por revolta, mas por extremo ódio. Esses jovens agentes de desordem não odeiam simplesmente suas limitadas perspectivas econômicas, mas a própria civilização que os abrigou. "É ódio", Belien insiste. "Ódio provocado não pela injustiça sofrida, mas que se origina num sentimento de superioridade. Os 'jovens' não culpam os franceses, eles os desprezam".

Steyn comenta que as manifestações de violência em toda Paris e outros lugares representam "o começo de uma longa guerra civil na Eurábia". Steyn, juntamente com outros observadores preocupados, compreende que a Europa está caminhando direto para um futuro muçulmano. Afinal, os muçulmanos estão tendo bebês num índice que ultrapassa de longe os europeus naturais. Além disso, eles são movidos por uma agenda política clara, profundas convicções muçulmanas e um conceito claro e coerente do que eles querem que a sociedade seja - um Estado muçulmano.

Embora possuam um enorme senso de superioridade cultural, os franceses por outro lado não mais possuem um conceito claro ou coerente do que significa ser francês. Eles frisam tolerância, mas têm adotado forças da intolerância radical.

Conforme explica Thomas Sowell: "Em nome da tolerância, esses países importaram a intolerância, da qual o crescente anti-semitismo na Europa é só um exemplo. Em nome do respeito a todas as culturas, as nações do Ocidente acolheram pessoas que não respeitam nem as culturas nem os direitos da população no meio das quais elas vieram se estabelecer".

O conceito de "Eurábia" de Steyn também aponta para as ligações entre a violência na França e o ódio fervilhando no Oriente Médio. Por várias décadas, a França tentou apaziguar seus cidadãos muçulmanos apoiando os governos árabes, criticando Israel e oferecendo assistência financeira a grupos radicais como o Hamas. Presumivelmente, os frustrados jovens muçulmanos da França deveriam ser gratos pelo apoio do governo francês ao extremismo muçulmano no Oriente Médio. O que foi que deu na cabeça dos franceses para acharem que o extremismo permaneceria fora de suas próprias fronteiras?

As agitações na França deveriam servir para mostrar de modo marcante os profundos compromissos culturais que são fundamentais para a civilização. Nenhuma sociedade pode resistir à ameaça de excessiva anarquia em seu meio. A civilização é sempre uma realização - um trabalho e projeto adotado e apoiado pela vasta maioria dos cidadãos, que entram num pacto social pelo bem comum.

A França tem lutado com esses ideais desde a Revolução Francesa. Diferente da Revolução Americana, que foi estabelecida numa perspectiva cristã herdada e as correntes conservadoras do Iluminismo, a Revolução Francesa foi radical, violenta, anarquista e altamente secular.

Aliás, o secularismo tem sido um projeto oficial da França durante a maior parte dos últimos dois séculos. Enquanto os revolucionários franceses substituíram a cruz sobre o altar da Catedral de Notre Dame pela semelhança da deusa Razão, os franceses têm se orgulhado da natureza altamente secular de seu experimento cultural.

De um ângulo, esse experimento parece ser um sucesso radical. Afinal, só uma pequena minoria dos cidadãos franceses se considera cristã ativa. O Cristianismo não desempenha quase nenhum papel público no país e sua cultura pública. Por outro lado, é agora evidente que esse secularismo, adotado com tanto entusiasmo como um projeto nacional, deixou um vazio imenso na alma da civilização francesa. Assim como a natureza detesta o vazio, o vazio secular não sobreviverá por muito tempo. Os jovens muçulmanos que estão agora se manifestando enlouquecidamente nas ruas de Paris querem encher esse vazio com a fúria muçulmana.

O escritor Theodore Dalrymple fala de "bárbaros às portas de Paris". Os que honram a civilização e entendem, com C. P. Snow, que a civilização é "terrivelmente frágil", precisam olhar para a França com preocupação e seriedade. Será que a civilização da Europa logo será algo do passado?